Estilo de vida
17/05/2023 às 13:00•2 min de leitura
Quando as pessoas ansiavam por unidade nacional, uma liderança forte, desejo de segurança, promessas de medidas simples para proteção, uma sensação de expansão econômica e retomada dos valores –, em 1919, Benito Musolini definiu essa reunião de ideais como fascismo, um termo cunhado a partir da palavra italiana fascio, que representa um feixe de pessoas, um rebanho.
Foi esse movimento que no século XX foi responsável pelos maiores horrores que a História já testemunhou, da tortura ao extermínio de pessoas consideradas deficientes para a sociedade ou diferentes de um padrão. Foi a primeira vez que foi decidido quem deveria viver ou não. O mundo não era feito para qualquer um.
Nem mesmo toda a educação para que "olhássemos para o retrovisor da História" impediu que o fascismo entrasse em ascensão novamente, em meados de 2018, pela Europa e pelo mundo.
Essa "onda" atingiu o Brasil, por exemplo, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente sob uma campanha que pregava a mesma premissa fascista de reconstrução de uma pátria "corroída" por um suposto comunismo, com violência, ódio contra minorias e propostas extremamente conservadoras.
Recentemente, a atividade da extrema-direita brasileira, que acontece na internet todos os dias, ganhou um esporão quando o jovem baiano Wallex Guimarães fundou uma corrente política inspirada no nazismo e se intitulou fã e a reencarnação de Adolf Hitler.
Wallex Guimarães. (Fonte: Bahia.BA/Reprodução)
A verdadeira seita que o bolsonarismo se tornou apresentou um aumento preocupante em atividade de grupos e células de neonazismo ao longo dos quatro anos de governo. De acordo com Adriana Dias, antropóloga e professora da Unicamp, o total de círculos extremistas saltou de apenas 72, em 2015, para 1.117 em 2022, sendo que esse crescimento ocorreu a partir da campanha eleitoral de Bolsonaro em 2018. No final do ano passado, Adriana já tinha mapeado 52 grupos neonazistas, com centenas de células espalhadas por quase todos os estados brasileiros.
Wallex Guimarães, um jovem negro de 20 anos nascido em uma região periférica da cidade de Canavieiras, na Bahia, fundou uma corrente nazista chamada "wallexismo", segundo ele não só para disseminar as ideias de Hitler e do que acredita como sendo "correto", mas também para levar o Brasil à vitória em uma suposta Terceira Guerra Mundial.
Guimarães é um neonazista assumido em suas redes sociais, onde dissemina a palavra do fascismo para seus seguidores. Ele também acredita que é ariano de nascença e a reencarnação de Hitler. Ele escreveu um livro intitulado Reich baiano, que é praticamente uma cópia de Mein Kampf ("Minha Luta"), autobiografia de Hitler, onde foram expressas suas ideias antissemitas, anticomunistas, antimarxistas, racializadas e nacionalistas de extrema-direita.
(Fonte: G1/Reprodução)
O wallexismo é definido como uma corrente do nacionalismo e do nacional-socialismo (nazismo). O movimento tem foco na "criação de um Estado autoritário-democrático, onde há forte participação popular, com influências do stalinismo, trotskismo e judaísmo", seja lá o que isso signifique.
Em sua ideologia, há uma forte participação política da população, e ela seria uma continuação direta do Terceiro Reich, que o autoproclamado nazista chama de 4º Reich. Desempregado, o jovem tem planos de lançar candidatura para vereador sob a ideia de que só assim o Brasil se tornará uma superpotência na frente econômico-política.
Enquanto isso não acontece, ele se resume a fazer pronunciamentos em lives e vídeos por meio de suas redes sociais, em que copia os gestos e a retórica de Hitler, dando esperança a sua base vexatória de seguidores que todos os habitantes do município de Canavieiras terão emprego assim que ele fazer sua ascensão.