Banana e abacate: as frutas que já foram rejeitadas pela sociedade

Não foram só as batatas que as pessoas tiveram medo de comer — algumas frutas também se tornaram alvo em algum momento da história. O que é, no mínimo, irônico, visto que os primeiros humanos se alimentavam quase exclusivamente de folhas e frutas de árvores e arbustos há cerca de 3,5 milhões de anos.

O problema, no entanto, começou a surgir com a construção das sociedades e ideias que, em sua maioria, eram ditadas por preceitos religiosos. A Idade Média, por exemplo, criou muitos fantasmas na cabeça das pessoas sobre o que era ou não bom, e o que era certo ou não.

Esse é o motivo pelo qual a banana e o abacate já foram rejeitados pela sociedade.

O pânico da banana

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Na sociedade estadunidense do século XIX, as pessoas obviamente já tinham reparado no formato fálico das bananas. Naquela época, para piorar, eles ainda consumiam um tipo de banana mais "selvagem", similar à banana-da-terra, com um formato ainda mais "acentuado".

Isso foi o suficiente para causar pânico nas pessoas, que tinham vergonha de serem vistas carregando ou comendo a fruta. Elas chegavam a revesti-la com papel alumínio para disfarçar sua forma, bem como a fatiavam para que não parecessem obscenas diante dos outros.

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As mulheres eram as mais propensas a se sentirem envergonhadas com o fruto "imoral", enquanto os homens, como sempre, faziam piada da banana enquanto estavam comendo. 

O problema na sociedade chegou a um ponto tão alarmante que Andrew Preston, da Boston Fruit Company, em Massachusetts, lançou uma campanha para distribuir cartões postais mostrando mulheres posando com bananas, mas não de uma maneira provocativa. Os cartões de Preston apenas mostravam mulheres segurando bananas para esclarecer que não havia nada de errado ou sexual naquilo – pelo visto, isso ajudou.

O pânico do abacate

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Engana-se quem imagina que apenas a banana foi alvo de sexualização. Quando as pessoas pararam de achar que estavam ingerindo algo obsceno, o alvo mudou para o abacate. No início do século XX, surgiram rumores de que a fruta exalava sexualidade. 

Os astecas foram os primeiros povos a nomearem o abacate, decidindo pela palavra nativa “ahuacatl”, a mesma usada para "testículos". Acredita-se que a escolha foi por duas razões: pela forma arredondada e em gota da fruta; e por ela, supostamente, despertar o desejo sexual. Ainda é uma disputa entre os historiadores para chegar a um consenso se a fruta recebeu o nome do órgão ou a gíria recebeu o nome da fruta.

Logo que os espanhóis tomaram o México, no século XVI, o abacate se transformou em "aguacate". Quando fazendeiros norte-americanos descobriram a fruta, acharam esse nome muito complicado de pronunciar, chegando a sugerir mais de 40 nomes diferentes, entre "avocat" e "aligator pear" (pera-jacaré).

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Até 1914, o abacate nunca havia sido cultivado comercialmente, quando hotéis em Los Angeles e São Francisco começaram a encomendar o máximo da fruta o possível, pagando até US$ 12 por uma dúzia. Apesar de o exótico e afrodisíaco sempre terem sido dois títulos que venderam bem ao longo dos séculos, quando associados ao abacate, não trouxeram muita popularidade. Talvez porque a fruta já era vista como um tipo ruim de exótico devido a sua forma testicular, causando mais repulsa do que excitação.

Para contornar o problema, não só fonético como estético, o Departamento de Agricultura dos EUA criou o nome "avocado" (abacate), deixando de lado o difícil e controverso "ahuacate", e o apelativo "alligator pearl". Eles informaram os editores de dicionário sobre a mudança e passaram a divulgar em todo o canto o abacate como uma "nova fruta", aos poucos libertando as pessoas da desinformação.

Como resultado, a Califórnia responde por quase 90% de todos os abacates cultivados em solo norte-americano.