Ciência
21/06/2023 às 04:00•2 min de leitura
O exército romano estava entre as bases para a construção de um dos maiores impérios da antiguidade. Seu poderio e eficácia foram alcançados a partir de muita disciplina, o que incluía o uso de algumas punições para manter os soldados na linha, como é o caso da dizimação.
Considerado uma das punições mais cruéis da Roma Antiga, este tipo de castigo era aplicado quando legionários fugiam de batalhas, se rebelavam contra as lideranças ou desobedeciam às ordens de um comandante. O procedimento começava com a divisão dos dissidentes em grupos de 10 pessoas.
A partir daí, cada unidade era forçada a tirar a sorte, colocando todos em risco, independente do grau de envolvimento na indisciplina, com o soldado que ficasse com a palha mais curta devendo ser espancado até a morte pelos outros nove companheiros. Mas os sobreviventes também eram punidos.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Os nove legionários restantes após o procedimento de dizimação eram forçados a sobreviver fora do acampamento militar durante vários dias, tendo apenas ração de cevada para se alimentar, no lugar do trigo. Em geral, o método dividia opiniões, pois alguns comandantes acreditavam que ele acabava com a confiança entre os membros das tropas, gerando mais danos do que ganhos.
Mesmo com as dúvidas em relação à aplicação da punição severa, alguns líderes romanos fizeram uso da prática. Um dos primeiros registros de dizimação aconteceu por volta do ano 471 a.C., quando o cônsul Appius Claudius Sabinus castigou seu exército após a derrota na guerra contra os Volsci.
Soldados que retornaram sem suas armas, porta-estandartes voltando de mãos vazias e centuriões que abandonaram seus postos estavam entre os penalizados por Sabinus. Como aviso para os demais, ele mandou executar cada décimo homem do seu exército.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O general romano Crasso também empregou método semelhante cerca de 400 anos depois, quando seu agrupamento sofreu uma derrota durante a Terceira Guerra Servil. Mas o caso mais famoso talvez tenha acontecido em 286 d.C., com a dizimação da legião tebana, que era cristã e se recusava a perseguir outros cristãos.
Em resposta, o imperador Maximiliano mandou dizimá-los, porém os soldados continuaram a recusar a participação no processo. A liderança insistiu no castigo, resultando em uma punição extremamente violenta, com todos os 6.600 legionários mortos.
O fim do Império Romano não significou o desaparecimento do cruel método de punição da Roma Antiga. Vários exércitos pelo mundo continuaram a punir desertores com a dizimação romana, aplicada no início do século XX, inclusive durante a Primeira Guerra Mundial.
A técnica foi usada pelo general italiano Luigi Cadorna, terminando com 750 homens mortos, e também por militares franceses. A Guarda Branca finlandesa foi outra organização que apostou no castigo brutal durante o conflito que marcou a década de 1910.