Artes/cultura
29/08/2023 às 04:00•2 min de leitura
Os restos presentes nos caldeirões da Idade do Bronze podem revelar muitas curiosidades sobre os hábitos alimentares de tempos remotos. Inclusive, eles mostram um panorama de festividades e comemorações no qual as carnes nobres e suculentas, juntamente com os laticínios cremosos, ocupavam o centro das tradições à mesa.
Um novo estudo, publicado na revista iScience, mergulha nas práticas culinárias da região do Cáucaso, onde hoje fica o leste da Turquia, a Armênia, a Geórgia e o Azerbaijão, mais especificamente a área localizada entre os mares Cáspio e Negro. Os resultados dessa análise proporcionam uma visão cativante da dieta e da cultura do povo durante o período Maykop, localizado entre os anos 3700 e 2900 a.C.
Muitas ligas metálicas têm propriedades antimicrobianas e ajudaram a preservar as proteínas nos utensílios. Por isso, a equipe de cientistas ainda planeja explorar uma variedade mais ampla de artefatos para compreender as nuances das práticas culinárias em diferentes regiões e períodos.
Até o momento, o estudo tem sido moldado pelas análises das substâncias preservadas nas paredes internas de sete caldeirões de metal. E apenas essa introdução à cultura gastronômica milenar já fornece uma noção bastante rica das celebrações e dos banquetes que pontuaram as ocasiões sociais da misteriosa Idade do Bronze. Essas proteínas, cuidadosamente preservadas através dos séculos, transcenderam eras! Inclusive, podemos até mesmo imaginar os sabores e os odores das tradições culinárias daqueles que vieram muito antes de nós.
Vaso de liga de cobre da Idade do Bronze. (Foto: iScience)
A presença de proteínas específicas sugere que os caldeirões eram utilizados para cozinhar carnes de cervos e bovinos, tais como vacas, iaques e búfalos. Os laticínios também eram parte integrante da dieta da galera, tendo sido encontrados traços de proteínas do leite de cabras e ovelhas nos caldeirões analisados.
Vale destacar que as proteínas preservadas não fornecem somente um relato das preferências alimentares da antiguidade. Na verdade, elas também mostram que, apesar das transformações ao longo dos séculos, os alimentos ricos em proteínas e os laticínios sempre tiveram um papel muito crucial na alimentação e na vida humana.
“Essa é a primeira evidência que temos de proteínas preservadas de um banquete. As pessoas preparavam grandes refeições, ou seja, não apenas para famílias individuais”, disse Shevan Wilkin, coautor do estudo e antropólogo da Universidade de Zurique.
Além disso, os caldeirões não eram simples utensílios de cozinha, mas objetos de valor cultural e social. Sinais de desgastes e de reparos minuciosos apontam para a importância desses itens como símbolos de prestígio e posição social. Ou seja, eles eram uma verdadeira herança, sendo passados de geração em geração. Essas descobertas não são apenas uma janela para o passado, mas também têm implicações para o presente e o futuro da pesquisa arqueológica.