Ciência
17/11/2023 às 11:00•2 min de leitura
Quando ocorria a revolta árabe contra o Império Otomano, em 1917, a bandeira de três listras horizontais nas cores preto, verde, branco e um triângulo vermelho, que representavam diferentes dinastias árabes, tornou-se símbolo da unificação. O objetivo era construir um Estado próprio.
Tempos depois, em 1922, a ordem das listras foi alterada e a bandeira se consagrou como um elemento nacional. A partilha de terras que culminou na criação do Estado de Israel, em 1948, por sua vez, não mudou isso. Parte dos palestinos permaneceram na região, enquanto milhares buscaram refúgio nos países vizinhos, e a bandeira passou a representar a causa palestina.
No entanto, antes mesmo do conflito envolvendo os grupos terroristas Hamas, Hezbollah e o Estado de Israel ganhar os contornos violentos que acompanhamos atualmente, em muitos períodos a proibição de erguer a bandeira palestina se fez presente. Essa proibição, na verdade, remonta ao ano de 1967, estando relacionada com a Guerra dos Seis Dias (Terceira Guerra Árabe-Israelense).
Naquele momento, como resposta ao ataque sofrido, Israel havia assumido o controle da Cisjordânia e de Gaza. Nos anos 1990, a proibição acerca do uso da bandeira foi suspensa. Mas no meio disso tudo, uma fruta que apresenta as suas cores ganhou simbolismo ao ser usada nas manifestações para burlar a restrição: a melancia.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Assim, as cores preto, branco, verde e vermelho permaneceram nas ruas entre aqueles que erguiam uma fatia da fruta para defender a causa palestina quando não podiam fazê-la com a bandeira. O uso da melancia para fins de protesto, no entanto, não evitou que palestinos fossem presos, mesmo após 1993, quando os acordos de Oslo foram firmados.
A partir deles, ficou estabelecido que a bandeira com as cores preto, branco, verde e vermelho seria a da Autoridade Palestina. Sua função seria administrar áreas da Cisjordânia e de Gaza. E durante um certo período, apesar de diversos obstáculos, esses acordos foram usados como base para sustentar as relações entre Israel e a Palestina.
Fato é que esse simbolismo com o uso da melancia seguiu se espalhando, e aqueles que se solidarizam com a causa palestina, muitos estando até mesmo fora do Oriente Médio, também recorrem ao uso da fruta.
Passadas tantas décadas marcadas por conflitos, temos civis dos dois lados da fronteira, além dos refugiados espalhados e mesmo dos palestinos que estão restritos aos assentamentos. Eles estão entre as vítimas, e a solução pacífica para a criação e manutenção dos dois Estados parece cada vez mais distante. E a bandeira palestina ainda segue sendo banida.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em 2015, pela primeira vez, a bandeira palestina foi hasteada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Vale destacar que esse episódio não representa qualquer mudança na configuração territorial, e a Palestina ainda não é reconhecida internacionalmente como um Estado. O Brasil, no entanto, confere esse reconhecimento à Palestina desde 2010.
Em Israel, em janeiro deste ano, o governo determinou que as bandeiras palestinas fossem retiradas de todos os espaços públicos. Associadas como apoio ao terrorismo e, por sua vez, encaradas como manifestação contra Israel, elas também estão sendo repelidas ao redor do mundo. As melancias, por outro lado, seguem presentes ilustradas em camisetas, cartazes e em diversos meios, incluindo as redes sociais.