Artes/cultura
23/11/2023 às 10:00•3 min de leitura
Documentar uma guerra é uma tarefa monumental — além de estar sujeito a inúmeros perigos, os profissionais ainda precisam capturar momentos de extremo sofrimento humano. Mesmo assim, várias pessoas ao longo da história se prontificaram a fazer esse trabalho e os resultados trouxeram a atenção do mundo para os confrontos. Infelizmente, muitos dos grandes fotógrafos de guerra faleceram em batalhas. Conheça 5 deles.
"O soldado em queda" é uma das fotos mais famosas de Capra. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Robert Capa é o pseudônimo de Endre Friedmann, que nasceu na Hungria, em 1913. Ainda adolescente, Capa fugiu para a Alemanha devido à repressão política, onde testemunhou a ascensão de Hitler e fugiu para Paris e começou a trabalhar com a sua futura parceira, Gerda Taro.
Um de seus trabalhos mais marcantes foi ter desembarcado com os soldados aliados no Dia D durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, Capa cobriu a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Sino-japonesa, a Guerra Árabe-israelense, de 1948, e a Primeira Guerra da Indochina.
Durante a última, em 1954, Capa se afastou do grupo de soldados que o acompanhava, pisou em uma mina terrestre e faleceu na hora. É dele a famosa frase: “se suas fotos não são boas, você não está perto o bastante”.
Foto de Gerda Taro de uma combatente praticando durante a guerra civil espanhola. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Nascida Gerta Pohorylle, foi a primeira fotógrafa do sexo feminino a falecer em combate. Com ascendência judia, ela fugiu da Alemanha para Paris na ascensão do nazismo e conheceu Endre Friedmann, a quem ajudou a estabelecer a identidade Robert Capa. Gerda trabalhou como assistente de fotografia e algumas de suas fotos foram comercializadas como sendo de Capa.
Ela participou da cobertura da Guerra Civil Espanhola e, em 1937, estava em uma região bombardeada. Para fugir da área, Gerda subiu em um veículo da imprensa, mas este colidiu com um tanque. Ela faleceu no dia seguinte em um hospital por decorrência dos ferimentos.
Larry Burrows (à direita) durante a guerra do Vietnã. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Larry Burrows nasceu em Londres, em 1926, e se destacou pelas fotos que fez durante os nove anos em que cobriu a guerra entre Estados Unidos e Vietnã. Suas fotos se diferenciavam por usar filmes coloridos enquanto a maioria dos fotógrafos ainda utilizava películas em preto e branco.
Além disso, Burrows fotografava muito próximo aos soldados, capturando cenas em que combatentes viam seus companheiros morrendo em seus braços. Isto mostrou um lado emocional das guerras que ainda não tinha sido visto pelo público geral.
Em entrevista, ao ser questionado se estava capitalizando com o sofrimento ao fazer fotos como aquelas, Burrows concluiu que, na verdade, conseguia penetrar no coração de pessoas que estavam em casa e indiferentes ao confronto. Ele faleceu em 1971, quando um helicóptero em que estava foi abatido no Laos.
Retrato de Yaser Murtaja. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Yaser Murtaja foi um fotógrafo e cinematógrafo palestino assassinado pelo exército israelense enquanto cobria uma manifestação na Faixa de Gaza, em 2018. Murtaja trabalhou em diversos documentários e ficou conhecido pelo seu trabalho junto à rede Al Jazeera. Muito da sua produção consistia em documentar as situações de ataque aos direitos humanos que ocorriam na região.
Em 2018, ele foi baleado por um sniper israelense enquanto cobria um protesto. O governo de Israel se defendeu alegando que Murtaja controlava um drone em uma área tomada pelo exército e alguns oficiais o acusaram de trabalhar para o Hamas, mas não apresentaram nenhuma evidência.
Foto de Gilles durante os protesto de Maio de 1968. (Fonte: FondationGilles/Instagram/Reprodução)
Gilles Caron foi um fotógrafo francês conhecido pelo extenso trabalho, mesmo tendo falecido com apenas 30 anos. Caron nasceu em 1939 e chegou a trabalhar com fotografia de moda antes de seguir para o fotojornalismo e cobrir confrontos. Entre seus trabalhos mais famosos estão fotos tiradas na Guerra dos Seis Dias, em 1967, na Guerra do Vietnã e nos protestos e confrontos civis de maio de 1968, na França.
Caron desapareceu enquanto cobria um golpe de Estado no Camboja em 1970, e foi dado como morto em 1978.