4 restaurações catastróficas de obras de arte

22/12/2024 às 21:002 min de leituraAtualizado em 22/12/2024 às 21:00

A conservação da arte envolve o uso de técnicas incríveis que são empregadas para preservar as obras-primas da história para a apreciação das futuras gerações. No entanto, muitas vezes, especialistas e leigos acabam obtendo péssimos resultados.

Isso pode acontecer por várias razões, como falta de conhecimento, decisões erradas ou só descuido mesmo. O fato é que, em certos momentos, essas terríveis tentativas de restauração desfiguraram obras de arte bastante famosas. O mais irônico é às vezes as restaurações ruins ficam até mais conhecidas que o original.

1. O teto da Capela Sistina com pinturas lavadas em excesso

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
Uma limpeza apagou detalhes do teto da Capela Sistina. (Fonte: GettyImages / Reprodução)

Pintado por Michelangelo no início do século XVI, o teto da Capela Sistina é uma das obras mais icônicas da arte ocidental. Entretanto, um projeto de restauração executado entre 1980 e 1994 simplesmente danificou esse patrimônio artístico.

Críticos disseram que a restauração retirou alguns dos detalhes originais de Michelangelo, como as suas sutis técnicas de sombreamento, conhecidas como chiaroscuro. A limpeza em excesso alterou a profundidade e a textura pretendidas por Michelangelo para a sua obra-prima. O Vaticano, por outro lado, se defendeu argumentando que o projeto foi um esforço necessário para preservar a obra.

2. A nova pintura de A Última Ceia

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
Uma restauração de A Última Ceia apagou elementos da pintura de Da Vinci. (Fonte: GettyImages / Reprodução)

A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, é uma obra-prima renascentista que também sofreu danos por conta de tentativas de restauração. O caso mais famoso ocorreu no século XVIII e foi executado pelo pintor Giuseppe Mazza, que tentou "consertar" o afresco retocando a obra original.

Acontece que Mazza usou tintas a óleo em vez de têmpera, o que acabou obscurecendo a delicada pincelada de Da Vinci, além de acelerar a degradação do afresco. Por sorte, técnicas mais modernas conseguiram estabilizar a pintura, mas muito do que foi feito pelo pintor italiano acabou se perdendo.

3. A restauração horrorosa da estátua de São Jorge

(Fonte: Youtube / Reprodução)
O São Jorge do século XVI na Igreja de San Miguel de Estella foi transfigurado por um amador. (Fonte: Youtube / Reprodução)

Em 2018, foi feita uma tentativa desastrada de restauração de uma escultura de madeira de São Jorge do século XVI que fica na Igreja de San Miguel de Estella, na Espanha. A estátua, que mostra São Jorge matando o dragão, foi confiada a um professor de arte sem experiência em conservação. 

O resultado foi escandaloso: o santo foi repintado com bochechas cor de rosa, uma expressão ensimesmada e uma paleta de cores que não se relaciona com a sua época original. O caso provocou indignação entre historiadores e especialistas em conservação artística, que lamentaram os danos irreversíveis ao artefato.

4. A restauração cômica de Ecce Homo

(Fonte: MDig / Reprodução)
A idosa Cecilia Giménez tornou o afresco Ecce Homo mundialmente famoso. (Fonte: MDig / Reprodução)

E talvez o caso recente mais famoso seja esse: em 2012, um afresco de Jesus Cristo chamado Ecce Homo ficou mundialmente famoso por conta de uma tentativa amadora de restauração que foi, no mínimo, uma tragédia. A obra é de autoria do artista do século XIX Elías García Martínez, e fica na igreja do Santuário da Misericórdia em Borja, Espanha. 

O cômico da história é que quem fez isso foi uma senhorinha bastante religiosa chamada Cecilia Giménez que, cheia de boas intenções, tentou restaurar a obra deteriorada. Mas houve até um lado bom nessa história: a restauração terrível acabou transformando a pequena cidade de Borja em um destino turístico. Até hoje, visitantes vão até lá para ver o afresco pessimamente reformado.

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