5 coisas sobre a era medieval que Game of Thrones ensinou errado

28/06/2024 às 20:003 min de leituraAtualizado em 28/06/2024 às 20:00

Tem quem ame e quem deteste, mas é difícil ficar indiferente com Game of Thrones, a série da HBO que, por oito temporadas, arrebatou prêmios e solidificou carreiras de muitos atores. E ainda que os fãs mais fervorosos possam não se importar, a verdade é que o programa, como é comum em Hollywood, pisou na bola na representação de alguns fatos sobre a era medieval.

Por mais boa vontade e pesquisa que pudesse haver na produção do seriado, além de orçamento entre US$ 6 milhões e US$ 15 milhões por episódio, um dos maiores da história da TV, Game of Thrones seguiu a premissa de recriar um período da história com liberdade criativa. O que, na prática, significou fugir à realidade em certas ocasiões.

1. Não se lutava quando estava muito escuro

Na escuridão, seria improvável identificar se a pessoa adiante era um aliado ou inimigo. (Fonte: HBO / TIME / Reprodução)
Na escuridão, seria improvável identificar se a pessoa adiante era um aliado ou inimigo. (Fonte: HBO / TIME / Reprodução)

Líder dos Caminhantes Brancos, o Rei da Noite protagonizou uma grande batalha em Game of Thrones que foi marcante, mas também equivocada do ponto de vista histórico, como aponta o especialista em guerra medieval Kelly DeVries, em entrevista ao Los Angeles Times.

Na série, a disputa começou durante a madrugada, quando tudo estava completamente escuro. A escolha deu ares mais tensos, mas é importante frisar que ninguém na Idade Média lutava com tamanho breu.

A justificativa é simples: seria impossível enxergar qualquer marca de identificação nessa condição. Como soldados não tinham emblemas nas suas armaduras que distinguissem suficientemente quem era de um exército e quem era de outro, eles corriam o risco de matar colegas – ou serem mortos por eles.

2. Soldados não abandonariam os muros de um castelo para lutar

As muralhas era fundamentais à proteção do reino, súditos e soldados. (Fonte: HBO / Spot.ph / Reprodução)
As muralhas eram fundamentais à proteção do reino, súditos e soldados. (Fonte: HBO / Spot.ph / Reprodução)

Outro aspecto errado que Game of Thrones mostrou sobre guerras na Idade Média diz respeito a lutar fora dos muros de um castelo. De acordo com DeVries, as estruturas de pedras eram um importante mecanismo de proteção. Esse tipo de fortificação medieval, além de caras, existiam para defender um reino, então seria muito improvável que um exército abandonasse, voluntariamente, aquele espaço para lutar.

Uma decisão como essa colocaria em risco milhares de homens, principalmente por levá-los para batalhar contra um inimigo em situações que fossem complicadas, como a baixa iluminação. É certo, como aponta o especialista, que o espaço de guerra seria menor, já que ficaria lotado entre soldados e pessoas comuns, mas DeVries afirma que ninguém se importaria com isso naquele momento.

3. Ninguém iria para uma batalha sem capacete

Por mais precários que fossem, capacetes eram item indispensável de proteção medieval. (Fonte: HBO / G1 / Reprodução)
Por mais precários que fossem, capacetes eram itens indispensáveis de proteção medieval. (Fonte: HBO / G1 / Reprodução)

As cenas em que alguns personagens lutam ferozmente com seus rostos livres para o espectador é outro erro sobre guerras medievais que Game of Thrones apresentou. Especialistas são categóricos ao dizer que nenhum soldado em sã consciência iria para o embate sem um capacete.

Por mais precário que o elemento possa parecer nos dias atuais, era um item de proteção indispensável, tanto contra espadas, como contra flechas. Ele poderia não ser impenetrável, mas tinha utilidade.

4. A Europa medieval não era tão branca

Havia mais diversidade racial na Europa medieval do que a série demonstra. (Fonte: HBO / CNN Brasil / Reprodução)
Havia mais diversidade racial na Europa medieval do que a série demonstra. (Fonte: HBO / CNN Brasil / Reprodução)

Esse é um equívoco bastante comum em representações sobre a época medieval, não apenas de Game of Thrones. Ao contrário do que possa parecer, a Europa da Idade Média era bastante diversificada racialmente, mesmo que a escravatura motivada pela cor da pele ainda não fosse uma realidade até então.

Porém, havia, sim, racismo à época, o suficiente para desumanizar indivíduos e justificar a escravização que seguiria. Existem estudos que demonstraram como essa falsa ideia de uma Europa branca alimentou o imaginário racista que desembocou nos movimentos supremacistas do século XX e XXI.

5. Não se portavam como animais à mesa

Na Europa medieval, existiam talheres e modos de se comportar à mesa. (Fonte: HBO / Wiki of Westeros / Reprodução)
Na Europa medieval, existiam talheres e modos de se comportar à mesa. (Fonte: HBO / Wiki of Westeros / Reprodução)

Também é um mito acreditar que as pessoas da Idade Média se comportavam de modo torpe e sem modos à mesa, tampouco se alimentavam de qualquer coisa. Certas questões sanitárias não eram desenvolvidas à época, como vasos sanitários, por exemplo, mas já havia talheres e etiqueta para se portar durante uma refeição, que resultaram em um gênero literário conhecido como "livros de cortesia".

Estes livros ensinavam como beber, mastigar e se portar durante refeições. Os garfos só foram se popularizar a partir do século XVII, mas colheres e facas eram bastante comuns nas mais variadas sociedades medievais. Outro detalhe: em algumas regiões, era comum a presença de profissionais especializados no preparo de molhos e de cardápios realmente sofisticados.

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