Artes/cultura
25/06/2024 às 08:00•3 min de leituraAtualizado em 25/06/2024 às 08:00
Se você acha que uma fotografia é só uma imagem, pense de novo. Há fotos icônicas que acabaram se tornando símbolos das mudanças que se prenunciavam na sociedade, alterando a forma pelas quais enxergamos o mundo. São registros feitos por profissionais sensíveis que, com seu talento, trouxeram permanência a eventos marcantes da era moderna.
Esta foto, feita por Gordon Parks, está entre as mais importantes da história. Em 1956, o fotojornalista, que era negro, foi enviado para documentar os efeitos das leis de segregação das Leis Jim Crow no sul dos Estados Unidos. Ao chegar em Mobile, no Alabama, ele registrou cenas do cotidiano de uma família que expressavam bem essa discriminação.
Nas fotos, ele capturava intencionalmente os cartazes em que se lia frases como “Somente brancos” ou “Para pessoas de cor”. A foto “Department Store, Mobile, Alabama” (1956) só foi divulgada em 2012, e tornou-se um ícone tardio daquela época. Ela mostra Joanne Thornton Wilson, então com 27 anos, com sua sobrinha, Shirley Anne Kirksey. Ambas estão paradas sob uma placa de neon cujo texto pode ser traduzido livremente como "Entrada para pessoas de cor". Ainda assim, a moça carrega um certo ar desafiador. Em 2013, Joanne deu uma entrevista sobre a foto e disse: “Vestir-se bem me fez sentir de primeira classe”.
Poucas fotografias são mais icônicas do que esta, feita por Alberto Korda, o fotógrafo favorito de Fidel Castro. Ele capturou o retrato definitivo de Che Guevara aos 31 anos durante um funeral em Havana em 1960, enquanto Fidel fazia um discurso. Sua expressão é repleta de sentidos: ele parece carregar uma raiva contida, ao mesmo tempo em que guarda ares de visionário ao mirar o horizonte.
Cinco anos mais tarde, Che Guevara se demitiria do gabinete de Fidel Castro para se juntar a causas revolucionárias no Congo e na Bolívia, onde liderou guerrilhas. Contudo, esta foto de Alberto Korda só foi amplamente conhecida depois que Guevara foi morto soldados bolivianos em 1967. Ela passou então a figurar em milhares de camisetas e cartazes.
Esta imagem foi feita pelo repórter fotográfico Malcolm Browne, que estava entre os únicos fotojornalistas em Saigon quando o monge Thích Quang Ðuc ateou fogo a si mesmo em 1963. Ele executava naquele momento um ato de protesto contra a perseguição do governo sul-vietnamita à população budista.
Como se pode ver na foto, no momento de sua morte, ele estava cercado de monges. A foto foi enviada para os escritórios da Associated Press e ganhou o mundo. Quando o presidente John F. Kennedy a viu, ele teria exclamado “Jesus Cristo!” e ordenado uma revisão da política que seu governo mantinha para o Vietnã. Foi uma imagem tão poderosa que realmente mudou o estado das coisas.
O brasileiro Sebastião Salgado colocou seu nome entre os grandes fotógrafos de todos os tempos. E uma de suas imagens mais famosas é esta que mostra a Serra Pelada, no Pará, em que mineiros buscavam o sonho de encontrar ouro.
Na foto, vemos os corpos curvados e frágeis desses homens que se enfiam em um grande buraco na terra. Para fazer essa série, Salgado passou 35 dias na Serra Pelada convivendo com esses mineiros, para por fim gerar imagens que se tornariam um testemunho vivo das condições terríveis que estas pessoas enfrentavam para tentar fugir da miséria.
Os trabalhadores ao seu redor seguravam placas que traziam a frase "Eu sou um homem". Tratava-se de um protesto que reivindicava o respeito aos direitos mais básicos daqueles cidadãos. A foto que marcou esse momento foi tirada pelo fotojornalista negro Ernest C. Withers, que era nascido em Mênfis. A imagem acabou se tornando o registro oficial da última grande ação de direitos civis de Martin Luther King.