Artes/cultura
03/05/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 03/05/2024 às 20:00
O capote e capelo açoriano é uma peça de vestuário que transcende o simples ato de se vestir, tornando-se um símbolo complexo e multifacetado da identidade cultural e social das Ilhas dos Açores, pertencente a Portugal.
O traje em si é uma obra de arte funcional, composta por duas peças essenciais: o capote, que envolve o corpo dos ombros aos pés em um pano durável, e o capelo, um amplo capuz sustentado por um arco de osso de baleia.
Além de seu propósito prático, o capote e capelo era um símbolo de status e tradição. Passado de geração em geração, integrava o dote das mulheres açorianas e, em alguns casos, era até mesmo usado como traje de casamento.
O capote e capelo era confeccionado com materiais robustos e duráveis, como tecido forrado com cânhamo, proporcionando uma barreira física contra as intempéries do clima.
Nas ilhas açorianas, onde as condições meteorológicas podem ser imprevisíveis e muitas vezes adversas, essa proteção contra o vento, a chuva e o frio era essencial para o conforto e o bem-estar das mulheres que precisavam se deslocar ao ar livre.
Nas condições climáticas frequentemente severas das ilhas, essa proteção era fundamental para evitar doenças relacionadas ao frio e à umidade, bem como para manter uma temperatura corporal adequada.
A vestimenta proporcionava às mulheres uma forma de se movimentarem pelas ruas de forma relativamente anônima e discreta, o que poderia ser útil em situações em que desejavam evitar a atenção indesejada, especialmente dos marinheiros que desembarcavam nas ilhas em busca de companhia feminina.
O capelo amplo e o capote que envolviam completamente o corpo, juntamente com a possibilidade de puxar o capuz para a frente, permitiam que apenas uma pequena parte do rosto e os pés da mulher fossem visíveis.
O azul-escuro e o preto por conta das cores tradicionalmente obtidas por meio de tinturas naturais, muitas vezes derivadas de plantas ou minerais disponíveis localmente.
Nas Ilhas dos Açores, por exemplo, o pastel-dos-tintureiros (Isatis tinctoria) era uma planta amplamente cultivada para a produção de corantes azuis. Este corante azul, conhecido como "pastel azul", era extraído das folhas da planta e utilizado para tingir tecidos, criando assim uma tonalidade intensa e duradoura.
A origem do traje permanece envolta em mistério, com teorias que vão desde uma possível importação da Flandres até uma adaptação de moda portuguesa dos séculos XVII e XVIII. No entanto, sua importância transcende as origens, tornando-se um símbolo arraigado na vida e na cultura açoriana.
Com o passar do tempo e a modernização dos costumes, o capote e capelo gradualmente caiu em desuso, transformando-se em uma curiosidade histórica. Hoje, é mantido vivo principalmente através das representações folclóricas e da memória coletiva das ilhas.