A origem das tranças: uma história sobre tradição e resistência

26/10/2024 às 03:002 min de leituraAtualizado em 26/10/2024 às 03:00

Quem gosta de usar tranças no cabelo nem sempre sabe que elas são muito mais do que um penteado. Na verdade, fazem parte de uma tradição antiga que está profundamente enraizada na cultura africana.

Transmitido de geração a geração, esse modo de arrumar o cabelo carrega vários significados, que inclusive foram evoluindo ao longo da história. Não importa quanto tempo passe, saiba que uma trança nunca é apenas uma trança.

A origem das tranças

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
As tranças surgiram há pelo menos 5 mil anos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Em muitos lugares, esse tipo de penteado é chamado de "trança africana". Também pudera: foi nesse continente que surgiu a ideia de ajeitar o cabelo assim, há mais de 5 mil anos. Os antigos egípcios, por exemplo, registraram nos templos e tumbas imagens de pessoas com tranças elaboradas.

A grande questão é que trançar as mechas sempre foi uma expressão cultural. Certos povos africanos acreditavam (e ainda acreditam) que a maneira de arrumar o cabelo diz muito sobre uma pessoa, como sua etnia, posição social, estado civil, religião e até mesmo se está de luto.

De fato, as mães ensinavam às suas filhas a arte de trançar, criando padrões complexos que passavam mensagens. Para muitas pessoas, trançar os cabelos uns dos outros significava abrir um caminho para a liberdade em tempos de escravidão. Ou seja, essa prática funciona como um ritual e como parte do patrimônio cultural das comunidades da África.

Os sentidos das tranças

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
Nos países africanos, a trança pode revelar a classe social de uma pessoa. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Claro está até aqui que fazer uma trança no cabelo não é apenas o arrumar, mas envolver-se em um ritual conectado à espiritualidade e ao senso de comunidade. Cada tipo de trança costumava apontar à identidade da pessoa que a usava.

Dependendo do penteado, uma trança poderia, por exemplo, indicar a família ou a classe social que a pessoa pertencia – membros da aristocracia, como rainhas e princesas, tinham tranças reservadas só para elas.

As tranças poderiam também servir como uma ferramenta da comunicação não verbal: mulheres casadas usavam uma trança apenas, enquanto as solteiras usavam duas ou mais. Isso servia para deixar claro aos possíveis pretendentes quem estava livre para ser cortejada.

Em várias culturas africanas, o cabelo é entendido como uma extensão espiritual do corpo que é capaz de ligar as pessoas a deuses ou ancestrais. Por causa disso, o ato de trançar o cabelo é associado a um ritual que serve para proteger a alma e afastar os maus espíritos.

Elas também serviram como forma de resistência do povo preto aos abusos e violências. Durante o comércio transatlântico de pessoas escravizadas, o povo africano costumava ser despido de muitos aspectos da sua cultura, passando por humilhações. Uma dela envolvia a raspagem de seus cabelos.

Apesar de terem passado por isso, os membros dessas comunidades mantiveram seu conhecimento sobre a tradição das tranças e o usaram para recordar as suas origens e preservar a sua cultura. Isso se reacendeu durante o século 20 quando o movimento pelos direitos civis, nos anos 1960 e 1970, se apropriou das tranças como motivo de orgulho e de resistência do seu povo.

Por isso, caso você use tranças no cabelo, saiba que está portando algo que é muito mais que um penteado, mas sim uma prova viva que a cultura de um povo pode ser preservada em qualquer lugar – como na cabeça de alguém.

 

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