Estilo de vida
09/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 09/08/2024 às 08:00
A história guarda um grande fascínio pela Roma antiga e pelo império que essa civilização foi capaz de construir. Mas é justo saber que tudo isso foi erguido à custa de muito trabalho escravo – estima-se que cerca de 35% da população total dessa época era escravizada.
Sim, na sociedade romana, a escravidão era normal e estabelecida por leis, que ditavam o que as pessoas escravizadas eram autorizadas ou não a fazer. Eles não podiam, por exemplo, participar de certas partes de rituais religiosos, mas tinham possibilidades de mobilidade social e até de comprar a própria liberdade.
Esses indivíduos tinham bastante importância na economia romana, e sua habilidade costumava designar qual função eles desempenhariam. Uma pessoa escravizada poderia ser direcionada para o trabalho no campo, em minas ou em fábricas se tivesse pouca instrução. Já uma mais educada – como os artesãos, funcionários domésticos, artistas e educadores – se fosse capturada, ocuparia um estrato mais privilegiado na escravidão e poderia um dia até conquistar a liberdade.
A possibilidade de alforria, aliás, era uma característica bem peculiar do sistema de escravidão de Roma, resultando em um número significativo e influente de libertos na sociedade romana. Embora não fosse fácil, era algo que poderia acontecer.
Além da captação de novas pessoas escravizadas, era possível também se tornar cativo desde o próprio nascimento. Uma mulher escravizada que tivesse um filho, mesmo que ele fosse gerado com o seu dono, se tornaria também escravizado. Por conta disso, a reprodução era encorajada pelos "mestres", já que era uma maneira de suprir a sua necessidade de novos trabalhadores.
Legalmente, a escravidão se relacionava a um estado simbólico de uma morte. Ao ser possuído por um dono, a pessoa escravizada se tornava uma propriedade completa, e não poderia mais possuir nenhuma propriedade em seu nome, nem começar legalmente uma família, já que todos os filhos pertenceriam ao mestre.
Às vezes, os cativos até podiam ter seu dinheiro (chamado de peculium), mas tecnicamente o valor ainda pertencia ao mestre. Isso possibilitava que escravizados mais bem sucedidos pudessem ter "subescravos" que trabalhavam para eles.
As pessoas escravizadas podiam ser bastante abusadas fisicamente por donos mais violentos. O abuso sexual também era visto como aceito, seja para escravizados homens e mulheres. Contudo, era malvisto que uma mulher mantivesse relações sexuais com um homem escravizado.
Quando tinha sorte, um cativo iria parar em lares abastados, onde poderia ter algumas funções mais elevadas. Podia se tornar, por exemplo, o funcionário de uma criança, sendo responsável por fazer qualquer coisa que ela pedisse, mais ou menos como uma babá.
E, por incrível que pareça, havia os que atuavam até como médicos, secretários ou mesmo atores cômicos. Ou seja, qualquer trabalho que existisse na sociedade romana poderia estar à disposição dessas pobres pessoas.