Artes/cultura
22/09/2024 às 06:00•3 min de leituraAtualizado em 22/09/2024 às 06:00
Os cultos são fenômenos fascinantes. Para quem está fora deles, é muito difícil entender o que leva alguém a ser influenciado pela retórica de líderes carismáticos, tornando-se devotos servis aos dogmas estabelecidos por um líder.
Para piorar as coisas, há vários casos de cultos que provocaram a morte dos seus fiéis, a partir de uma série de práticas e até de ordens que estimulavam o suicídio em massa.
Nos anos 1978, o mundo assistiu estarrecido ao culto do Templo do Povo, na Guiana. Foi lá que o pregador Jim Jones liderou o que ele chamou de "suicídio revolucionário", levando mais de 900 pessoas à morte.
Jones defendida, a princípio, preceitos relativamente aceitáveis: ele dizia estar fundando uma congregação de mentalidade progressista baseada na segregação não racial. Por conta disso, ele estabeleceu uma comuna agrária em Jonestown, na Guiana, onde guiou um culto com toques de pentecostalismo.
Ele acabou guiando o seu "rebanho" para um ato suicida, convencendo-os a tomar uma mistura de Flavor-Aid com cianeto, o que matou quase todos em 1978. O próprio Jones se suicidou, mas com um tiro na cabeça.
Em 1961, um ex-soldado nazista e pregador evangélico chamado Paul Schäfer fundou a Colonia Dignidad ao sul de Santiago, no Chile. A proposta é que ela fosse uma comunidade autossuficiente e utópica que se assemelhasse a uma vila bávara. A coisa prosperou e o local chegou a ter uma usina hidrelétrica, duas pistas de pouso e um avião, padarias, estábulos, moinhos e muito mais.
Só que, dentro dos muros, aconteciam coisas terríveis. Cerca de 300 chilenos e alemães chegaram a viver na Colonia Dignidad no seu ápice. Mas eles não tinham permissão para sair e eram vigiados por guardas em torres de vigia. Muitos eram submetidos a trabalhos forçados, e os membros de uma mesma família eram mantidos separados uns dos outros.
Para completar, as crianças eram submetidas a abuso sexual nas mãos de Schäfer e seus comparsas. Para completar, a Colonia Dignidad virou uma espécie de campo de concentração onde morreram cerca de 100 pessoas.
Paul Schäfer foi preso na Argentina em 2005, e foi condenado por pedofilia em série e morreu na prisão em 2010. O espaço virou um local turístico chamado "Village Bavaria". Alguns de seus habitantes originais seguem vivendo lá.
Aum Shinrikyo é um culto apocalíptico fundado por Shoko Asahara em 1984 no Japão, que ganhou notoriedade em 1995 quando realizou um ataque com gás sarin ao metrô de Tóquio.
Seu líder formou a seita, cujo nome quer dizer "Verdade Suprema", ao misturar elementos do hinduísmo, budismo, cristianismo e taoísmo. De forma irresponsável, o governo japonês o reconheceu como uma religião oficial em 1989, dando mais fama às ideias de Shoko Asahara.
Em 1993, a Aum Shinrikyo havia recebido cerca de US$ 30 milhões de apoiadores, o que levou ao financiamento de armas químicas. Foi assim que eles puderam armar um ataque terrorista ao metrô, levando treze pessoas à morte e deixando 5.800 feridas.
Treze membros do Aum Shinrikyo foram executados em 2018, incluindo o líder. Mesmo assim, o culto continua vivo e tem cerca de 1.500 membros.
A história de Bhagwan Shree Rajneesh é bastante famosa. Também conhecido como "Osho", ele morreu em 1990, mas tem muitos seguidores até hoje. A história do seu culto foi contada na série documental Wild, Wild Country, da Netflix, em 2018.
Os seguidores do seu culto fizeram um ataque bioterrorista em 1984, envenenando 751 pessoas em The Dalles, no Oregon. A ideia era tentar influenciar as eleições locais. Quarenta e cinco pessoas foram hospitalizadas, mas ninguém morreu.
A ideologia desse culto se fundamentava no prazer e na autossatisfação, e Osho acabou acumulando uma grande quantidade de dinheiro em vida. Notícias também contaram que os seus seguidores fizeram outros feitos condenáveis: eles enviavam chocolate envenenado para políticos e não entendiam de fato a diferença entre "amor livre" e estupro. Isso tudo coloca o culto a Osho entre os mais problemáticos já conhecidos.