Artes/cultura
18/12/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 18/12/2024 às 21:00
A Caverna Maltravieso, em Cáceres, Espanha, guarda um legado impressionante: 71 silhuetas de mãos feitas há mais de 66 mil anos. Estudos recentes revelaram que essas pinturas não são obra de humanos modernos, mas sim de neandertais, desafiando o conceito de que nossa espécie é a única capaz de expressar criatividade. Feitas ao soprar pigmentos ao redor das mãos, as marcas resistiram ao tempo, tornando-se um marco crucial para reescrever a história da evolução artística.
Pesquisadores da Universidade de Southampton usaram datação urânio-tório para analisar as crostas de carbonato que se formaram sobre as pinturas, determinando que as obras são pelo menos 20 mil anos mais velhas que a chegada dos humanos modernos à Europa. Essa descoberta evidencia que os neandertais, longe de serem apenas “brutos”, eram artistas pioneiros, capazes de deixar mensagens simbólicas.
A descoberta da caverna em 1951 já intrigava os arqueólogos, mas foi apenas décadas depois, com avanços tecnológicos, que sua verdadeira importância emergiu. A técnica de datação usada revelou que essas pinturas datam do Paleolítico Médio, um período entre 300 mil e 50 mil anos atrás, quando os neandertais dominavam a Europa.
Os artistas antigos utilizaram pigmentos soprados em torno das mãos, criando silhuetas que carregam não apenas criatividade, mas também simbolismo. “Essas pinturas são a prova mais antiga de arte rupestre, anteriores à chegada dos humanos modernos”, afirmou o arqueólogo Chris Standish. Sua equipe acredita que as obras refletem um senso de identidade e conexão social entre os neandertais.
Essas descobertas mudam o entendimento sobre a cognição dos neandertais, sugerindo que eles tinham habilidades intelectuais e emocionais semelhantes às nossas, incluindo a capacidade de deixar um legado artístico.
Por muito tempo, os neandertais foram vistos como inferiores em relação aos Homo sapiens, mas a Caverna Maltravieso prova o contrário. Suas pinturas mostram que essa espécie tinha não apenas criatividade, mas também intenção simbólica, algo antes associado apenas à nossa linhagem.
As silhuetas de mãos, aparentemente simples, revelam uma história rica e complexa. Estudos indicam que os neandertais usavam pigmentos e técnicas elaboradas, reforçando que eram mais sofisticados do que se acreditava. Eles deixaram marcas que transcendem milênios, desafiando a ideia de que arte e cultura pertencem apenas aos Homo sapiens.
Essas obras são muito mais do que desenhos; são evidências de que a criatividade é universal. A Caverna Maltravieso não é apenas um local arqueológico, mas também um testemunho duradouro de que os neandertais, assim como nós, buscavam expressar e preservar sua existência.