Ciência
26/10/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 26/10/2024 às 12:00
Já se perguntou como os surdos pensam? Se você imagina que seja uma questão complicada, pode estar no caminho certo, mas a resposta não é exatamente o que muitos podem esperar. Assim como qualquer outra pessoa, os surdos pensam de várias maneiras diferentes.
Basicamente, o modo como cada pessoa com deficiência auditiva pensa depende muito de sua experiência pessoal, como a idade em que perdeu a audição e o tipo de comunicação que aprendeu.
Os pensamentos de uma pessoa surda são moldados pelas línguas que ela conhece. Se cresceu usando sinais, provavelmente pensa em sinais também. Com mais de 300 tipos de línguas de sinais no mundo, cada um pode ter sua própria forma de pensar, baseada no dialeto que aprendeu.
E os sinais não servem apenas para conversar com os outros — muitas crianças surdas sinalizam para si mesmas, como se estivessem “falando” sozinhas, exatamente como as ouvintes fazem. Esse “diálogo interno” mostra que a linguagem de sinais vai além da comunicação, sendo parte essencial do pensamento.
Segundo pesquisadores, esse modo de pensar ativa no cérebro as mesmas regiões que os ouvintes usam ao falar consigo mesmos. Para um surdo, os pensamentos são tão ricos e expressivos quanto os de qualquer outra pessoa.
Agora, e quanto àqueles que perderam a audição mais tarde na vida? Bem, para essas pessoas, o pensamento pode ser uma mistura de sons e imagens. Mesmo que não ouçam mais, eles ainda podem ter a memória de como eram os sons, então talvez os pensamentos venham como um eco de palavras ou vozes que conheciam.
Para os surdos que nunca ouviram, os pensamentos geralmente vêm em imagens ou em sinais visuais. E aqui vai uma curiosidade: nem todo mundo tem aquele “monólogo interno”. Algumas pessoas – surdas ou não – não ouvem essa voz interna e pensam apenas em imagens, como um filme mudo.
Além disso, algumas pessoas têm afantasia, a incapacidade de visualizar imagens mentais, o que torna os pensamentos abstratos, sem som e sem imagens. Como isso funciona em pessoas surdas ainda é algo pouco compreendido.
Então, afinal, em que língua os surdos pensam? A verdade é que não há uma resposta única. Depende de como a pessoa se comunica e das suas experiências de vida. Pode ser em sinais, em imagens, em palavras escritas ou até em uma combinação de tudo isso.
O importante é lembrar que, seja qual for o meio, o mundo interno de uma pessoa surda é tão complexo e vivo quanto o de qualquer outra pessoa.