Thonis-Heracleion: a antiga cidade egípcia que sumiu no Mediterrâneo

07/04/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 07/04/2024 às 18:00

Antes de Alexandre, o Grande, fundar Alexandria em 331 a.C., a cidade de Thonis-Heracleion era o maior porto mediterrâneo do Egito. Há muito tempo, porém, ela acabou afundando no Mar Mediterrâneo. Durante mais de um milênio, sua existência foi sendo quase esquecida, chegando até ao ponto de ser questionada.

Contudo, as primeiras respostas surgiram nos séculos XX e XXI. Nesse período, mergulhadores começaram a encontrar evidências de Thonis-Heracleion no fundo do mar, onde a cidade estava coberta por uma espessa camada de sedimentos. Em 2000, por exemplo, moedas, cerâmicas e estátuas da antiga cidade egípcia passaram a montar o quebra-cabeça sobre como ela foi um dia. 

A saga de Thonis-Heracleion

Resquícios de Thonis-Heracleion no fundo do mar. (Fonte: GettyImages)
Resquícios de Thonis-Heracleion no fundo do mar. (Fonte: Christoph Gerigk/Franck Goddio/Hilti Foundation/Reprodução)

Fundada por volta do século VIII a.C., Thonis-Heracleion passou muito tempo sendo considerada detentora do maior e mais importante porto do Egito. Situada na atual Baía de Abu Qir, a cidade recebia navios de todo o mundo que traziam mercadorias para o Egito.

Em seu auge histórico, a cidade exercia grande influência na região e era extremamente dinâmica. O problema, no entanto, é que quase todas as suas descrições foram sendo perdidas com o tempo, exceto na mitologia. No passado, o historiador grego Heródoto afirmou que Thonis-Heracleion foi a primeira cidade que Hércules teria pisado ao chegar no Egito.

Após a construção de Alexandria em 331 a.C., Thonis-Heracleion foi sendo rapidamente esquecida. Isso acabou se intensificando após a sua ilha central ter deslizado para o mar, junto dos principais templos da cidade, após um desastre natural no final do século II. Assim, já no século VIII d.C., ela desaparecera completamente e tudo que ficou para trás foram algumas das lendas.

O resgate de um marco histórico

Estátua de Hapi, deusa egípcia da fertilidade, também foi achada no Mediterrâneo. (Fonte: Christoph Gerigk/Franck Goddio/Hilti Foundation)
Estátua de Hapi, deusa egípcia da fertilidade, também foi achada no Mediterrâneo. (Fonte: Christoph Gerigk/Franck Goddio/Hilti Foundation/Reprodução)

Arqueólogos passaram séculos em busca de novas informações sobre Thonis-Heracleion, mas sempre sem resultados promissores. Na década de 1990, no entanto, tudo mudou quando o Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática (IEASM) e o Conselho Supremo Egípcio de Antiguidades conseguiram localizar alguns resquícios da antiga cidade egípcia a seis quilômetros da costa.

No ano 2000, mergulhadores começaram a explorar o local e descobriram algo incrível: estátuas com mais de 4,5 metros de altura, taças, sarcófagos, lajes de pedra com hieróglifos, capacetes de guerra e muito mais, estavam enterrados no fundo do mar. O exemplar de estátua mais impressionante é certamente o de Hapi, o deus da fertilidade, que uma vez serviu como guardião do porto de Thonis-Heraclion, e a de Cleópatra III, uma das rainhas do Egito no século II.

Nos últimos anos, algumas outras expedições à cidade subaquática também descobriram um antigo navio militar grego e um complexo funerário do século IV a.C. À medida que a exploração continua, os pesquisadores esperam que Thonis-Heracleion possa seguir oferecendo mais tesouros incríveis para a humanidade e que mais informações sobre o seu passado sejam redescobertas. 

 

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