Ciência
22/04/2018 às 06:00•2 min de leitura
Você já deve ter coçado seu olho, e logo após isso visualizar luzes aleatórias em diversas direções e com diversos formatos. Essa é uma reação normal do corpo, chamada de fosfenos.
Para entender o fenômeno, precisamos saber como nossa visão funciona. O nosso olho possui vários elementos, cada uma com sua importância. A retina é a responsável pela conversão da luz em impulsos elétricos, que chegam até nosso cérebro através do nervo óptico. Ela é constituída por milhões de células, ou fotorreceptores, que realizam essa transformação e tornam possível a nossa visão.
A origem dos pontos luminosos passa por esse processo, mas surge dentro do nosso olho. Segundo a especialista em cirurgia de córnea de um hospital em Nova York, Angie Wen, “vemos a luz que vem de dentro do nosso olho ou de uma estimulação elétrica do cérebro, e não do mundo exterior”. Ela complementa, dizendo que “essas explosões de luzes intensas e coloridas, aparentemente aleatórias, são chamadas de fosfenos e aparecem devido a descargas elétricas das células dentro dos olhos, fenômeno que é parte normal da função celular”.
Não é de hoje que os seres humanos percebem esse fenômeno. Atualmente, temos uma explicação científica sobre o assunto, mas os filósofos gregos acreditavam que as luzes eram consequência de existir fogo dentro da nossa cabeça. Alcmeão de Crotona, filósofo grego que viveu no século V a.C., explicou a sensação que se tem ao sofrer um grande impacto nos olhos, dizendo que “o olho obviamente possui fogo dentro dele, pois ele brilha quando é estimulado”.
Platão acreditava que um “fluxo visual” saía do olho, tornando possível a visão, tendo registrado que “assim como o fogo possui a propriedade, não só de queimar, mas também de produzir uma luz agradável, inventada pelos Deuses, ela deve se adaptar para o dia a dia”. E esse foi o pensamento sobre a visão que se manteve por toda a Idade Média, até que Isaac Newton (1642-1727) chegasse a uma conclusão mais próxima da que temos hoje, envolvendo fenômenos óticos e a pressão exercida sobre o olho.
A maneira mais fácil de observar os fosfenos é coçando os olhos vigorosamente, mas outros estímulos mais agressivos também podem causar o efeito. Ser atingido por um grande impacto na cabeça ou, em alguns casos, um espirro mais forte podem fazer com que as luzes apareçam, segundo explica Wen.
Outras situações, menos traumáticas, também são capazes de gerar os pontos luminosos. Durante um exame de ressonância magnética ou uma eletroencefalografia, é possível que as luzes apareçam, devido aos intensos estímulos eletromagnéticos que podem afetar células dentro dos olhos. Também existem registros de astronautas percebendo o fenômeno, mas no caso deles o efeito causador é a interação entre os olhos e as partículas de raios cósmicos presentes no espaço.
Caso você veja esses pontos de luz, não existe motivo para se preocupar com sua visão. O único alerta, feito por oftamologistas, é de que coçar os olhos vigorosamente, aplicando muita pressão, pode danificar a córnea, que é a camanda mais externa do nosso olho. Se o fenômeno acontecer com você, pode ficar tranquilo, pois as luzes logo desaparecem e não causam problema algum. Afinal, ao contrário do que pensavam os filósofos gregos, seus olhos não possuem fogo em seu interior.