Ciência
19/06/2018 às 08:00•2 min de leitura
A tecnologia espacial avança a passos largos. Hoje, colocar uma pessoa orbitando o planeta Terra dentro de uma cápsula de metal pode parecer algo trivial, mas os desafios por trás disso são imensos, mesmo com toda a experiência adquirida.
Por mais impressionante que seja, o espaço sideral também é bem hostil. Apesar de todas as precauções tomadas pelas agências espaciais, ainda existem muitos riscos para quem fica lá em cima. Até hoje, apenas 18 pessoas (14 astronautas) morreram em missões espaciais, o que é um número relativamente baixo, se considerarmos o tamanho e a complexidade dos equipamentos.
Em todas essas fatalidades, não sobrou ninguém para contar a história, mas e se apenas um astronauta morre durante uma missão? Quais seriam os procedimentos tomados em relação ao corpo?
Acredite se quiser, mas a NASA não possui qualquer protocolo sobre como agir em uma situação dessas. Em entrevista ao Popular Science, a NASA revelou que “não prepara plano de contingência para todos os riscos remotos. A resposta da NASA a qualquer situação não planejada em órbita será determinada em um processo colaborativo em tempo real entre a Diretoria de Operações de Voo, a Diretoria de Saúde e Desempenho Humano, a liderança da NASA e parceiros internacionais”.
Terry Virts, astronauta há 16 anos, não se recorda de conversar com colegas sobre uma possível morte durante uma missão. Ele disse em entrevista que fez um treinamento médico e tem condições de salvar pessoas em alguns casos, mas não foi preparado para lidar com um cadáver.
Até certo ponto, é possível entender a falta de um procedimento específico, pois atualmente os astronautas se mantêm em órbita e, caso algo aconteça, é viável que se tomem medidas de forma relativamente rápida. Mas e quais seriam as saídas em uma viagem até Marte?
Essa possibilidade está cada vez mais próxima e, sendo ela uma viagem bem mais longa, muita coisa pode ocorrer. Resolver um problema desses improvisadamente pode colocar toda a missão em risco, inclusive pelo abalo psicológico de ter um colega morto flutuando ao seu lado por meses.
Um caminho plausível foi sugerido por Chris Hadfield, ex-astronauta canadense que ficou conhecido por cantar "Space Oddity", de David Bowie (vídeo acima), na ISS. Segundo ele, a melhor solução seria proceder como em submarinos durante guerras.
Quando alguém morre nessa situação, e não é possível retornar à base rapidamente, o corpo é colocado junto dos torpedos, por ser uma área isolada e bastante fria, desacelerando a decomposição. Tendo isso em mente, Hadfield explicou que, caso uma morte acontecesse, o ideal seria deixar (ou colocar) o corpo no traje espacial e mantê-lo lacrado nas regiões mais frias da espaçonave, até o retorno para casa.
Desenvolver uma área específica para guardar o corpo, até que possa ser enviado de volta à Terra, custaria muito. A melhor solução disponível até agora vem de uma empresa sueca chamada Promessa. A ideia é utilizar nitrogênio líquido para congelar o corpo dentro de um saco específico e, depois, desintegrá-lo através de vibração. O pó gerado pelo processo é desidratado e pode ser guardado em uma urna, assim como ocorre em uma cremação tradicional.
Em uma situação de viagem espacial, o uso do nitrogênio líquido não seria necessário, pois esse congelamento pode ser feito facilmente ao expor o corpo à área externa da espaçonave. Essa parece a opção mais viável, por não exigir grandes equipamentos e ser bem eficiente. A fundadora da empresa, Susanne Wiigh-Masak, disse ao Slate que, se a solução deles for escolhida, serão necessários muitos estudos e adaptações para que o sistema funcione perfeitamente no espaço.
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