Ciência
10/10/2019 às 07:00•1 min de leitura
Como acontece com a maioria das invenções, a realização do grande sonho humano de voar ocorreu a partir de um incidente corriqueiro, quase cômico. Numa tarde do ano de 1782, na cidade de Avignon, na França, o jovem Joseph-Michel Montgolfier presenciou uma cena inusitada: caída no campo ao lado de uma fogueira, a calcinha de sua esposa começou a inflar e, levitando, foi elevada pelo vento.
O rapaz começou a fantasiar um ataque à inexpugnável Fortaleza de Gibraltar com um exército erguido do chão por um artefato semelhante àquela calcinha, porém maior.
Assim, construiu um pequeno balão com um barco de madeira de 2,3 kg e 1,5 m de altura. Colocando-o sobre uma pequena fogueira, viu a geringonça subir a mais de vinte metros do chão. Com a ajuda do irmão Jacques-Étienne, o segundo teste foi com um barco maior e também mais pesado (7 kg). Feito em dezembro de 1782, terminou com o balão destruído pois a força de sustentação foi tão grande que os cientistas perderam o controle da nave.
Decidiram, então, fazer uma apresentação pública, para reivindicarem a autoria do invento do voar. O globo do novo balão possuía 9 metros de diâmetro, era feito de galhos e folhas mortas com três camadas de papel no interior pesando 225 kg. A apresentação pública ocorreu na cidade natal dos irmãos, Annonay. O voo foi um tremendo sucesso, estendendo-se por 2 km, durante mais de 10 minutos, numa altitude de 1.600 a 2 mil metros. Outra novidade foi a presença de passageiros: uma ovelha, um galo e um pato, suspensos em uma gaiola.
Finalmente, no dia 21 de novembro de 1783, um enorme balão alaranjado construído pelos irmãos Montgolfier levou a bordo os primeiros humanos a voar: o físico Jean-François Pilatre de Rozier e um marquês cujo nome a História não registrou.
A partir desse voo inaugural com humanos, e mesmo com todos os perigos e contratempos, os voos em balões logo se tornaram um dos maiores espetáculos na Europa. Além da paisagem, ofereciam aos corajosos passageiros um piquenique com um cardápio sofisticado: pombo assado, croissant e limonada. Inesquecível.