Artes/cultura
17/12/2019 às 14:30•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade Federal do ABC – UFABC, situada em São Paulo – desenvolveram um dispositivo que, além de poder substituir baterias de celulares e notebooks no futuro, poderá ser usado no fornecimento de energia a veículos elétricos e eletricidade para casas de pequeno porte. Trata-se de uma célula a combustível bastante promissora, e o bacana é que a base para a sua fabricação são produtos que o nosso país tem de sobra.
Segundo os pesquisadores da UFABC, o dispositivo é movido a glicerol – um subproduto da fabricação de sabões e detergentes e também biocombustíveis –, que funciona como combustível, e nióbio, elemento usado na produção de ligas metálicas com incontáveis aplicações, desde a fabricação de motores e peças à manufatura de componentes eletrônicos que, na célula, atua como catalizador.
No caso do glicerol, ele é produzido em gigantescas quantidades no país e frequentemente descartado – muitas vezes de forma inadequada – pelas mais variadas indústrias. Já com relação ao nióbio, o Brasil detém o título de maior fornecedor desse elemento do mundo, com 98% das reservas globais, o que significa que ambos “ingredientes” são extremamente abundantes por aqui.
Os cientistas da UFABC descobriram que o nióbio melhora dramaticamente a atividade eletrocatalítica proporcionada pelo paládio – outro catalizador que participa das reações eletroquímicas que ocorrem na célula movida a glicerol. Com isso, a quantidade desse segundo elemento pode ser cortada pela metade, o que resulta na redução de custos na produção do dispositivo.
Ademais, a diminuição de paládio leva a uma expressiva queda na liberação de subprodutos tóxicos decorrentes da oxidação de compostos intermediários absorvidos durante longos períodos de operação da célula convencional, como seria o caso do monóxido de carbono. Sem falar que, se um dia for produzida e utilizada em larga escala, a bateria desenvolvida pelos brasileiros poderia substituir motores de combustão movidos a combustíveis fósseis e, cortar as emissões de poluentes.
Os pesquisadores explicaram que, em princípio, os dispositivos podem ser usados no funcionamento de aparelhos e dispositivos eletrônicos em locais onde não há energia elétrica. Mas, conforme mencionamos no início da matéria, de acordo com os cientistas, a tecnologia pode ser adaptada para ser utilizada no abastecimento de veículos elétricos, para fornecer energia a residências e ter muitas outras aplicações.
Bateria de nióbio e glicerol pode aparecer em celulares e carros em breve via TecMundo