Ciência
07/05/2020 às 13:32•2 min de leitura
A pandemia do coronavírus tem deixado pessoas do mundo todo em alerta. Entretanto, a incerteza do que pode acontecer daqui em diante é uma das coisas que mais espalha medo entre as pessoas. Pensando nisso, o médico Eduardo Massad, que também é matemático, físico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a atual pandemia da covid-19 é apenas um "ensaio" para algo ainda maior.
"Acho que a pandemia do novo coronavírus está mais para um ensaio geral de uma maior, essa sim uma pandemia que pode matar bilhões", afirmou em entrevista para BBC News Brasil.
(Reuters/Reprodução)
Massad, que também é professor titular de Matemática Aplicada, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez esse comentário com base em alguns estudos. Ele analisou registros históricos, fórmulas de progressão e casos epidemiológicos, o resultado que obteve mostra que a covid-19 não demonstra ainda ser um grande golpe na expectativa de vida das pessoas.
Entretanto, segundo ele, a humanidade conseguirá tirar algumas lições valorosas sobre o momento em que vivemos, assim como muitos especialistas acreditam. Com o coronavírus, alguns hábitos serão revistos, por exemplo a lavagem e higienização das mãos. Além do mais, aglomerações poderão acontecer com maior cautela.
Eduardo Massad olhou para os números de outras epidemias severas que já aconteceram na história da humanidade; entre elas, ele analisou a peste bubônica, ocorrida durante o período medieval. O impacto demográfico causado pela doença foi muito forte no continente europeu, tendo a chance de se espalhar e matar uma boa parcela populacional do mundo na época. Assim, essa peste conseguiu ser ainda maior do que a gripe espanhola do começo do século XX.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nesse sentido, o especialista acredita que ainda viveremos uma "grande pandemia" no futuro. “A grande epidemia seria uma pandemia de proporções catastróficas, que poderia matar algo como 2 bilhões de pessoas no mundo em um ano”, estimou. “Ela causaria uma queda significativa na expectativa de vida da humanidade: da média atual de 72 anos para aproximadamente 58 anos. Essa possibilidade existe e se baseia, em parte, em eventos históricos como a peste bubônica”, completou Massad.
Ele ainda relata que com os estudos relacionados à peste medieval, conseguiu estimar que a infecção dizimou entre 30% e 60% da população europeia da época. Estamos falando do século XIV, quando 475 milhões de pessoas já habitavam o planeta Terra. Desse modo, Massad afirma ainda que a população do continente europeu demorou cerca de 200 anos para retomar seu crescimento demográfico. “Algumas regiões, como Florença, recuperaram o patamar apenas no século XIX”, completou.
Mesmo com os fortes indícios de sequência histórica, não é possível determinar com precisão que isso, de fato, acontecerá no futuro. Porém, é necessário ficar de olho nessas informações e se permitir a não esperar pelo pior. O que você acha?