Ciência
20/10/2020 às 14:00•2 min de leitura
Um estudo publicado na semana passada (14) na revista científica Proceedings of The Royal Society B analisou o chamado “osso do pênis”, uma estrutura enigmática existente dentro da glande de alguns mamíferos, e cuja forma geralmente bizarra tem atraído a atenção dos biólogos evolucionistas há mais de um século.
Também chamado de báculo, até hoje não se sabe para que serve o osso do pênis nem por que ele desapareceu em grande parte dos mamíferos, como o homem, cavalo, elefantes e alguns outros.
No estudo atual, biólogos da Manchester Metropolitan University fizeram imagens tridimensionais de 82 ossos do pênis de diferentes animais, e aplicaram um novo método para quantificar a complexidade da forma tridimensional no báculo carnívoro.
Após análise das imagens, os cientistas concluíram que alguns tipos de báculos de formas estranhas podem ser capazes de prolongar o sexo, induzir a ovulação na fêmea, ou remover espermatozoides de encontros românticos anteriores.
Outra importante descoberta foi que as espécies socialmente monogâmicas estão evoluindo para um báculo de forma complexa, ao passo que as espécies que vivem em grupo estão evoluindo para báculos simples.
O osso do pênis do texugo-do-mel, considerado o animal mais corajoso do mundo, tem uma das aparências mais bizarras. Com uma forma semelhante a uma colher de sorvete, esse desenvolvimento pode ter evoluído para evitar competições entre espermatozoides e assegurar que os filhos de determinado macho sejam realmente dele.
Conforme a principal autora do estudo, Charlotte Brassey, “A razão pela qual os historiadores naturais são tão fascinados por báculos é porque eles têm muitas características incomuns: estrias e sulcos, curvaturas estranhas e pontas bizarras”.
A grande inovação trazida por esta pesquisa foi a abordagem tridimensional do osso, que permitiu compreender que sua evolução não está relacionada à massa dos testículos como se pensava, mas que a complexidade da ponta é maior em ovuladores induzidos e espécies envolvidas em cópulas prolongadas.
Para os autores, pesquisas futuras irão levar em conta tecidos moles do pênis para um melhor entendimento sobre a evolução do báculo. Ao se concentrar na função biomecânica de regiões específicas do referido osso, os cientistas esperam esclarecer por quê algumas espécies, como a humana, não têm essa estrutura.