Ciência
01/01/2022 às 07:00•4 min de leitura
De modo geral, os animais evoluem para aumentar as chances de perpetuar a espécie, certo? Por isso, eles desenvolvem meios de sobreviver às ameaças naturais, mantêm uma dieta ideal para seus hábitats, buscam se reproduzir de forma eficiente... e por aí vai!
É por isso que temos seres, como as baratas, que sobrevivem a tudo e que se camuflam, como os camaleões, ou que adquirem resistência a inseticidas, como insetos.
Porém, há espécies que pareceram seguir o caminho contrário na rota da evolução: desenvolveram características que só atrapalham a sobrevivência. Entre dificuldades para reproduzir, chifres que perfuram cérebros e rotinas de evacuação que podem matar, as cinco espécies desta lista têm exemplos megacuriosos de como não sobreviver. Confira!
E se o seu cocô pudesse te matar? (Imagem: Shutterstock)
Começando pelo fofo mamífero que está na foto de capa dessa matéria: o bicho-preguiça. Esse animal pode morrer fazendo algo que é essencial para qualquer ser vivo: evacuar. Na verdade, estima-se que metade deles morra fazendo cocô. Mas por quê?
A gente fez um texto apenas sobre isso, em 2019, mas vamos resumir aqui: as preguiças vivem em cima das árvores, onde estão protegidas de predadores. Muitas espécies que moram lá em cima, fazem cocô lá de cima mesmo — e quem estiver em baixo que lute. Porém, as preguiças não agem assim: elas descem até o chão, lentamente, cavam um buraquinho e soltam seus dejetos ali dentro. Como o processo é lento, dá tempo de os predadores chegarem e... caixão!
Durante o processo, os bichos-preguiça se esfregam em algumas algas que tingem seu pelo de verde e ajudam na camuflagem em cima da árvore. Além disso, os bichos conseguem fazer "o cocô da morte" só 1 vez por semana. Mesmo assim, os cientistas ainda não sabem explicar por que as preguiças desenvolveram esse hábito.
Quanto à "preguiça" das preguiças, essa sim ajuda na sobrevivência: é uma forma de gastar bem pouca energia e não precisar se alimentar tanto. Por isso, tudo é bem lento.
Reproduzir? Tô fora. Pego meu bambu e vou embora! (Imagem: Shutterstock)
Outro bicho fofo que, infelizmente, não se esforça muito para perpetuar a espécie é o panda. Nesse caso, o problema é a reprodução: para começar, machos e fêmeas da espécie têm uma dificuldade imensa para "dar match" e resolver acasalar. Especialmente em cativeiro.
Para você ter ideia, alguns zoológicos tentaram dar Viagra e mostrar "vídeos pornô" de pandas acasalando, para os bichos entrarem no clima. Só que o problema não acaba aí.
A fêmea só fica fértil por um período de dois a três dias ao ano. Além disso, eles precisam de um ritual bem complexo de cortejo e acasalamento, antes de partir para o "pega pra capar".
Caso a fertilização aconteça, e a fêmea engravide, podem nascer dois pandinhas. Contudo, a mamãe só tem leite para alimentar um dos dois gêmeos: então ela escolhe o mais forte e deixa o outro morrer. Isso quando não o mata ali mesmo. É a natureza.
Nos últimos anos, para aumentar as chances de preservação da espécie, cientistas começaram a fazer inseminação artificial nos pandas. Tem funcionado melhor do que o Viagra.
O kakapo parece uma mistura de papagaio com coruja. (Imagem: Shutterstock)
Os kakapos são estranhos pássaros da Nova Zelândia, com várias características originais: são a maior espécie da família dos papagaios e periquitos, além de ser a única que não voa e vive por quase 100 anos. Isso se não for caçada até a quase-extinção, como quase aconteceu até o final do século XIX. Estima-se que pouco mais de 200 kakapos tenham restado em uma ilha.
Essas aves evoluíram para sobreviver em um mundo sem humanos e mamíferos — pois caçam de noite e usam o cheiro, em vez da visão, para encontrar suas presas. Com isso, a única forma de defesa do kakapo, quando ameaçado, é congelar e torcer para estar camuflado nas árvores com sua penugem verde. Essa "defesa", na verdade, só ajudou os humanos maori a caçá-los, com a ajuda de cães farejadores.
Para completar, os kakapos também não são muito bons de reprodução: eles demoram para copular, sendo que a época do acasalamento ocorre 1 vez a cada 5 anos.
Chifre legal, né? Pois então... (Imagem: Shutterstock)
Fechando a lista com um animal não tão fofo, temos essa estranha espécie de suíno, que vive em algumas ilhas da Indonésia. Um dos principais "itens de série" das babirussas é esse chifre torto no meio da cara. Muitos animais têm chifres para se defender, se exibir no acasalamento e outras utilidades, o das babirussas serve mais para matá-las mesmo.
Acontece que o chifre dos machos cresce sem controle ao longo de toda a vida. Chega uma hora que um dos pares começa a se curvar para trás — então, começa a perfurar o crânio do bicho, matando-o lentamente.
Mas, por mais que essa informação tenha-se tornado mito nas editorias de "animais bizarros", não é sempre que isso acontece: o macho precisa ficar muito, mas muito velho, para que seu chifre cresça a ponto de entrar no crânio. Na realidade, a maior ameaça à sobrevivência da espécie é a destruição do hábitat pela ação humana.
Falando em ação humana, a gente também não é exemplo de conservação do nosso próprio hábitat, né? Quem sabe também precisássemos ser incluídos nesta lista.