Um cometa com 10 km de diâmetro poderia mesmo destruir a Terra?

04/01/2022 às 07:002 min de leitura

Lançado na Netflix, a sátira apocalíptica Não Olhe Para Cima gera reflexões relevantes sobre a desinformação, o negacionismo e a propaganda eleitoral. Em uma trama sobre a extinção da raça humana na Terra, a chegada de um cometa com diâmetro de cerca de 10 km surge como determinante para que acadêmicos e políticos entrem em conflito, enquanto colocam em evidência um questionamento que mexe até mesmo com os mais céticos: um meteorito de tamanha proporção realmente poderia destruir o planeta?

(Fonte: Netflix/Reprodução)(Fonte: Netflix/Reprodução)

Formados há cerca de 4,6 bilhões de anos, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), os cometas são eventos cósmicos caracterizados pela presença de uma longa cauda luminosa feita de poeira e gás — substâncias liberadas quando a superfície do astro, constituída principalmente de gelo, evapora com o calor do Sol. Facilmente confundidos com meteoros, devido ao feixe de luz que surge com a passagem do corpo pela atmosfera, os cometas guardam os mesmos danos severos depois do impacto e podem carregar, paralelamente, outros fragmentos de rochas que se espalham por milhares de quilômetros durante a queda.

A probabilidade de que material interplanetário caia na superfície terrestre é alta, mas ocorre, em quase sua totalidade, apenas na forma de poeira cósmica, com cerca de 100 toneladas registradas diariamente. A grande incidência desse encontro é definida pela presença, em larga escala, de objetos que se localizam a até 50 milhões de quilômetros da órbita da Terra — cientificamente conhecidos como Objetos Próximos à Terra (NEO), de acordo com definição apontada pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (Unoosa).

(Fonte: Netflix/Reprodução)(Fonte: Netflix/Reprodução)

Desde 1980, quase 28 mil NEOS foram identificados pela NASA, em que 117 eram cometas e outros 2.238 eram “Asteroides Potencialmente Perigosos”, passando a 4,7 milhões de km da órbita da Terra e com dimensões maiores que 140 metros de diâmetro. Felizmente, a probabilidade de um desastre é historicamente baixa, já que há uma pequena média de impacto de asteroides com mais de 100 metros registrados a cada 10 mil anos e de objetos com mais de um quilômetro de diâmetro a cada “várias centenas de milhares de anos”.

Defesa melhor que a da empresa BASH?

O cometa de Não Olhe Para Cima detém, narrativamente, proporções semelhantes às estimadas do meteorito que causou a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Portanto, um incidente dessa escala poderia realmente levar à destruição do planeta, mas a NASA informou que “nenhum asteroide conhecido apresenta um risco significativo de impacto com a Terra nos próximos 100 anos”.

Para conter riscos, a agência espacial tem protocolos de defesa que identificam e rastreiam a trajetória de ameaças espaciais, definem suas propriedades, projetam e avaliam as consequências de um possível impacto. Assim, compartilham as informações com outros órgãos e desenvolvem métodos para desviar asteroides, além do envio de missões com objetivos de desviar cursos de asteroides através da colisão direta — e não com a instalação de minas explosivas.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Além disso, outra questão considerada no filme é a extração de recursos minerais da rocha, que acaba sendo priorizada em detrimento da defesa humana pela corporação telefônica de Isherwell (Mark Rylance). Essa trama foi fundamentada em estudos realizados sobre o Cinturão de Asteroides, que determinou uma existência de metais como ferro, níquel, platina e ouro avaliados em US$ 100 bilhões para cada pessoa na Terra.

Atualmente, a NASA e a SpaceX, de Elon Musk, planejam uma missão para chegar ao asteroide Psyche 16, descoberto em 1852, visando identificar um potencial estimado em US$ 10 quintilhões, valor cerca de 70 mil vezes mais do que o total da economia global em 2019.

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