Artes/cultura
18/09/2022 às 11:00•2 min de leitura
Até hoje, só conseguimos encontrar três espécimes de fósseis do Coelurosauravus elivensis ou “dragão planador”, como também é conhecido. Esse réptil é da época final do Período Permiano, isso significa que ele viveu e desapareceu entre 260 e 252 milhões de anos atrás.
Ele era acostumado a viver nas florestas e zonas úmidas de Madagascar. Mas o que o torna diferente de vários outros répteis é o patágio, uma espécie de retalho membranoso de pele que se estendia entre seus membros posteriores e inferiores.
Essa característica permitia ao Coelurosauravus elivensis “deslizar” como forma de locomoção. Ou seja, o C. elivensis é o réptil planador mais antigo do mundo.
(Fonte: Charlène Letenneur/Live Science/Reprodução)
Os três exemplares fósseis foram encontrados entre os anos de 1906 e 1907, mas apenas em 1926 a espécie foi descrita pela primeira vez. Dessa época até os dias atuais, os cientistas tentavam descobrir como e porque o patágio se desenvolveu.
Recentemente, um grupo de pesquisadores conseguiu analisar esses fósseis de maneira muito mais detalhada, além de uma série de espécimes relacionados ao réptil, todos integrantes da mesma família, na tentativa de sanar a dúvida citada que já perdurava por décadas.
Por meio de uma reconstrução esquelética quase perfeita, as novas pesquisas trouxeram luz sobre os hábitos e morfologia desse tetrápode, além da principal: como ele conseguiu se tornar o primeiro réptil planador.
O estudo em questão foi realizado por meio de uma parceria entre pesquisadores do Staatliches Museum für Naturkunde Karlsruhe, na Alemanha, e do Museu Nacional Francês de História Natural, em Paris. Os resultados foram publicados no Journal of Vertebrate Paleontology.
Conforme as análises feitas pelos cientistas, o que provocou a evolução do dragão planador pré-histórico há 260 milhões de anos foram alterações ocorridas nas copas das árvores. Ou seja, nada de predadores ou sobrevivência do mais forte e, sim, uma simples questão de mobilidade e praticidade.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os restos fósseis sugerem que o desenvolvimento do patágio surgiu para facilitar o voo do Coelurosauravus elivensis. Os cientistas chegaram a essa conclusão após focarem as análises na parte pós-craniana do animal, isto é, em todas as partes de seu corpo, a exemplo dos membros inferiores e superiores, bem como o tronco. Apenas a cabeça ficou de fora.
Sobre o patágio, vale ressaltar que existem muito animais populares que contam com esse recurso, a exemplo dos esquilos voadores e os morcegos.
A aquisição evolutiva do patágio permitiu que os dragões planadores continuassem a viver em seu habitat quando as árvores das florestas passaram de densamente compactadas para árvores mais distantes.
Dado que as árvores se afastavam uma das outras, o Coelurosauravus elivensis deixou de conseguir se movimentar entre os galhos, logo, a solução foi desenvolver essa adaptação para que pudesse planar e deslizar entre elas.
Lagarto Draco, também conhecido como dragão-voador. (Fonte: Shutterstock)
Os cientistas responsáveis por esse estudo afirmam que as hastes ósseas do dragão planador eram flexíveis. Além disso, o enrolar e desenrolar da membrana para o voo, era provavelmente controlada pelos músculos abdominais do réptil.
Isso porque, se os ossos do C. elivensis fossem uma gastrália (grupo de ossos chamado de costela abdominal encontrado em vários répteis) modificada, como a pesquisa sugere, eles estariam mais posicionados na superfície lateral inferior do corpo do réptil e não para o lado dorsal, como é possível observar nos lagartos Draco modernos.