Artes/cultura
10/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
Embora seja comum ouvir o generalismo de que todos os peixes são criaturas de sangue frio, estudos recentes andam contrariando essa afirmação. Em 2015, pesquisadores da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, relevaram que o opah, também conhecido como peixe-lua, possui sangue aquecido pelo corpo todo.
Isso tornaria essa espécie como o primeiro peixe de sangue totalmente quente conhecido no mundo todo. Apesar de o sangue desse animal não ser tão quente quanto o de mamíferos e pássaros, por exemplo, o opah possui uma vantagem competitiva em relação aos outros animais que habitam nas profundezas do oceano frio.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A temperatura corporal não é a única coisa que faz com que o peixe-lua se destaque dos demais em seu ambiente. Enquanto a maioria dos peixes que vivem nas profundezas do oceano dependem de emboscadas para capturar suas presas, o ágil opah consegue ser rápido o suficiente para perseguir suas presas.
Sendo assim, utilizam suas barbatanas vermelhas no peitoral com muita eficácia para "correr" pela água. Inclusive, é o constante bater de suas barbatanas que faz com que o corpo do peixe-lua permaneça aquecido o tempo todo, acelerando seu metabolismo, criando movimento e facilitando seu tempo de reação.
Esses peixes são tão grandes quanto o pneu de um carro e possuem vasos sanguíneos especializados que transportam sangue quente para suas brânquias, onde o sangue que esfria é reaquecido enquanto ele respira e absorve o oxigênio da água. Por sua vez, esses vasos sanguíneos que trocam calor minimizam a perda de calor para o ambiente frio onde essas criaturas vivem, garantindo que tenham temperatura corporal central quente, aumento da produção muscular e maior habilidade de natação.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Se não bastassem todas as vantagens que o sangue quente fornece ao peixe-lua em seu habitat, esse fenômeno da natureza também faz com que essas criaturas tenham maior função ocular e cerebral do que muitas das espécies que vivem no fundo do oceano. Além disso, o opah também é capaz de passar mais tempo em águas geladas sem comprometer a função reduzida de seu coração e outros órgãos.
O motivo? O tecido adiposo que envolve suas brânquias, coração e tecido muscular atua como um isolante para as baixas temperaturas. Por mais que todas essas funções sejam extremamente relevantes para a sua sobrevivência na natureza, um estudo feito pelo Trinity College de Dublin indica que peixes de sangue quente provavelmente são tão vulneráveis às mudanças climáticas globais do que seus parentes de sangue frio.
De todo modo, o peixe-lua segue sendo uma verdadeira atração na região do Havaí e talvez uma das criaturas mais fantásticas a habitar na vastidão das profundezas. Sem contar que eles podem tranquilamente se gabar por ser uma das espécies de peixe mais curiosas e diferentes do mundo inteirinho.