Artes/cultura
30/11/2022 às 06:30•4 min de leitura
Você provavelmente já encontrou alguém parecido com uma celebridade ou até mesmo com outra pessoa que você conheça. Ou, ainda, viu uma daquelas postagens bastante interessantes comparando famosos com seus sósias. Mas em algum momento você já parou para pensar como isto funciona cientificamente falando?
Pois saiba que há cientistas por aí buscando uma explicação para o curioso "fenômeno": segundo a BBC, um grupo de especialistas do Instituto Josep Carreras de Pesquisa em Leucemia de Barcelona, na Espanha, está tentando desvendar o mistério por trás da existência dos sósias, indivíduos muito parecidos mas sem qualquer grau de parentesco.
Segundo a reportagem da rede BBC, quem liderou o estudo foi Manel Esteller, diretor e professor de Genética na Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona. Os resultados da pesquisa encabeçada por Esteller, que teve início em 2016, foram publicados somente em agosto deste ano na revista científica Cell Reports.
O texto explica que o estudo tinha a intenção de "caracterizar seres humanos aleatórios que compartilhavam objetivamente características faciais" ao nível molecular, visando encontrar uma explicação científica para a existência de sósias.
Para auxiliar o desenrolar do processo, os pesquisadores buscaram contato com o fotógrafo canadense François Brunelle, famoso por clicar indivíduos muito parecidos mas sem qualquer relação familiar. Além de Brunelle, participaram como voluntárias da pesquisa um total de 64 pessoas, separadas em 32 duplas de "doppelgangers".
Utilizando um software de reconhecimento facial, os pesquisadores analisaram os rostos dos voluntários para verificar o quão parecidos eram os sósias e descobriram que, segundo os programas, 16 pares eram considerados extremamente semelhantes. A próxima etapa foi coletar material biológico dos voluntários, com amostras de DNA da saliva dos participantes vindo de diversos países diferentes.
O resultado da análise surpreendeu ao mostrar que, embora não tenham nenhum grau de parentesco, os "doppelgangers" têm genética muito parecida — algo que os pesquisadores atribuem ao "acaso".
Acontece que, de forma totalmente aleatória, pessoas em diferentes partes do globo acabam compartilhando similaridades em diversas sequências do DNA que lhes conferem determinados atributos físicos. Em alguns casos, as semelhanças na cadeia de DNA são tão grandes que duas pessoas totalmente distintas e sem qualquer relação acabam nascendo tão parecidas quanto gêmeos idênticos.
Outro ponto bastante interessante percebido pelos pesquisadores foi que não apenas várias destas pessoas eram fisicamente semelhantes, com peso, idade e altura parecidos, mas também compartilhavam traços comportamentais bastante similares, como hábitos e vícios parecidos. O estudo sugere que tais similaridades se dão muito mais por fatores genéticos do que por desenvolvimento e experiências vividas durante a infância e a adolescência, por exemplo.
Com a população do planeta passando agora dos 8 bilhões de habitantes, é bem provável que exista por aí alguém bem parecido com você e comigo — quem sabe até mesmo compartilhando os mesmos gostos pessoais, qualidades e defeitos. A ideia de encontrar nossos sósias totalmente ao acaso é um pouco assustadora, mas muito fascinante!