Como cocô de pombo ajudou a confirmar a teoria do Big Bang

25/01/2023 às 04:002 min de leitura

Na primeira metade do século XX, existiam duas teorias principais que tentavam explicar a criação do universo. Uma delas era conhecida como Teoria do Estado Estacionário, que dizia que o Universo expande de modo a manter e densidade de matéria constante.

Essa teoria era uma alternativa ao modelo do Big Bang, que na época falava sobre um universo finito, expandindo-se a partir de um único ponto no espaço. Embora existissem várias sugestões de que esta era a teoria mais provável, até a década de 1960 faltavam evidências concretas para a sua defesa. A mudança veio com dois pesquisadores e um pouco de cocô de pombo.

Ruído Persistente

Antena utilizada por Penzias e Wilson. (Fonte: NASA)Antena utilizada por Penzias e Wilson. (Fonte: NASA)

Em 1964, dois físicos estavam tentando medir as ondas de rádio que de outras galáxias, além da nossa Via Láctea. Arno Penzias e Robert Wilson não estavam buscando por algo em específico, mas apenas tentando entender o que era uma emissão que vinha de fora, e o que era ruído.

Isso porque, mesmo na década de 1960, antenas como as que Penzias e Wilson utilizavam, conseguiam captar diferentes tipos de ondas — incluindo aí conversas de rádio e radar militar, além de emissões vindas do sol. O objetivo da dupla era filtrar todos esses ruídos, para conseguir entender quais eram os sinais extragalácticos mais fracos.

Porém, mesmo depois de remover as interferências mais óbvias, um zumbido ruidoso permaneceu. Eles descartaram a possibilidade de ser um sinal vindo da própria Via Láctea, pois o barulho não mudava apontando a antena para qualquer direção — fosse para o centro da Via Láctea ou para qualquer outro lado.

Descartando outras possibilidades, a dupla acreditou que o ruído estava sendo causado por um problema de interferência na própria antena. O aparelho estava sendo utilizado como ninho por pombos e estava sujo de fezes. Com o ninho removido do local e a antena devidamente limpa, o ruído tinha que vir de algum lugar de fora.

Radiação cósmica de fundo

(Fonte: Unsplash)(Fonte: Unsplash)

Depois de semanas sem conseguir uma resposta para o que poderia ser o ruído, três físicos da Universidade de Princeton ficaram sabendo do problema e decidiram ajudar a dupla. Robert Dicke, Jim Peebles e David Wilkinson acreditavam que se a teoria do Big Bang estivesse correta, seria possível encontrar vestígios ainda visíveis de radiação.

Após avaliar com mais cuidado o ruído, os pesquisadores concluíram que ele não apenas não era provocado por cocô de pombo, como era a primeira prova concreta para a teoria do Big Bang. Wilson e Penzias receberam o Prêmio Nobel de Física em 1978 pela descoberta da radiação cósmica de fundo em micro-ondas — uma espécie de eco da energia liberada pelo Big Bang.

“Começamos procurando um halo ao redor da Via Láctea e encontramos outra coisa”, explicou Wilson. “Quando um experimento dá errado, geralmente é a melhor coisa. O que vimos foi muito mais importante do que o que procurávamos. Este foi realmente o começo da cosmologia moderna”.

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