Morre última fêmea de tartaruga-de-casco-mole-gigante-do-yangtze

Uma tartaruga-de-casco-mole-gigante-do-yangtze (Rafetus swinhoei) fêmea foi encontrada morta no final do mês de abril na cidade de Hanói, no Vietnam. A causa da morte ainda é desconhecida. Em entrevista à revista Time, o diretor do Asian Turtle Program for Indo-Myanmar Conservation, Tim McCormack, disse que esse episódio foi um golpe e pode representar a extinção da espécie. Isso porque, neste momento, existem apenas outros dois espécimes machos vivos.

Considerada a maior espécie que habita em águas doces, a também chamada tartaruga-hoan-kiem ou tartaruga-mole-de-swinhoe, é nativa da região leste da China e norte do Vietnã. Réptil da família Trionychidae e bastante rara, ela é capaz de alcançar 1,5 metro de comprimento, 70 centímetros de largura e pesar até 200 quilos.

A expectativa daqueles que acompanhavam a fêmea era que ela acasalasse com o macho que foi colocado no lago em que ela estava. Deixados num ambiente com condições mais favoráveis, a chance de que fosse gerada uma ninhada de ovos aumentaria, afastando o risco iminente de extinção.

Dentre as tartarugas-de-casco-mole-gigante-do-yangtze, os machos podem apresentar as maiores dimensões. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)

Atividade humana levou espécie à extinção

Mas é importante lembrar que para que a situação chegasse a esse ponto, a espécie foi atacada de forma direta: vítimas da caça, tanto para consumo da carne quanto para uso medicinal, a tartaruga-de-casco-mole-gigante-do-yangtze entrou em declínio nas regiões em que se apresentava em maior número.

A poluição das águas e as obras destinadas às construções de barragens na Ásia também são apontadas como causas para que estes animais fossem afetados. Assim, desde os anos 1980, sua presença deixou de ser percebida, gerando alarme.

Além disso, em 2019, uma situação semelhante envolvendo outra tartaruga-gigante da mesma espécie ocorreu. Numa tentativa de preservar os animais, foi realizada inseminação artificial em uma hoan-kiem-gigante que estava no zoológico de Suzhou, na China.

Assim como percebido em outras espécies, a hoan-kiem pode viver por longos períodos, superando os 100 anos. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)

Contrariando as expectativas, essa tartaruga, que já tinha completado seus 90 anos, morreu antes que esse esforço fosse bem-sucedido. Apesar do estado de saúde da fêmea ter sido considerado dentro dos padrões normais, a tartaruga gigante morreu logo após o procedimento.

E então houve uma surpresa enquanto a pandemia de covid-19 seguia se alastrando: após passar décadas sem ser percebida, pesquisadores localizaram uma nova tartaruga-de-casco-mole-gigante-do-yangtze em outubro de 2020, no Vietnã — que seria a mesma que faleceu no final de abril deste ano.

Ou seja, apesar de haver a chance de alguma fêmea da espécie hoan-kiem estar viva sem ter sido detectada até o momento, não há nenhuma evidência que possa alimentar esse tipo de esperança.