Artes/cultura
13/09/2023 às 08:00•2 min de leitura
Uma espécie incomum de bambu está prestes a florescer pela primeira vez em mais de 100 anos, o que deve permitir aos sortudos espectadores descobrir mais sobre seu misterioso processo de regeneração. A espécie chamada Phyllostachys nigra var. henonis, ou bambu henon, só floresce uma vez a cada 120 anos antes de morrer.
Espera-se que a geração atual desta espécie floresça por volta de 2028. No entanto, pesquisadores da Universidade de Hiroshima, no Japão, notaram que alguns exemplares estão nascendo mais cedo do que deveriam e aproveitaram a oportunidade para estudar essa planta tropical enigmática.
(Fonte: Getty Images)
Em um estudo publicado na revista PLOS One, os pesquisadores japoneses descobriram que muitos espécimes floridos do bambu não continham sementes. A equipe também observou a falta de novos colmos crescendo a partir dos sistemas radiculares das plantas que cresceram, o que indica uma reprodução assexuada limitada. Isso pode significar que muitos campos densos de bambu podem ser especialmente difíceis de regenerar — sendo substituídos com o tempo por prados.
O bambu henon foi introduzido no Japão no século IX, sendo oriundo da China. Porém, registros científicos de seu processo de regeneração são bastante escassos.
Os seus intervalos de floração de 120 anos foram baseados em documentos produzidos nessa época, tendo em mente que as colônias anteriores morreram logo após a floração em 1908, antes de conseguirem se restabelecer pelo país todo. Para produzir o estudo, os pesquisadores analisaram uma colônia de espécimes em floração precoce que foi encontrada em Hiroshima em 2020.
Ao todo, 334 "colmos", que são o caule lenhoso e articulado do bambu, foram encontrados. A equipe de estudos descobriu que 80% desses colmos floresceram ao longo de três anos e não produziram nenhuma semente.
(Fonte: Getty Images)
Conforme foi constatado pelos pesquisadores ao final de 2022, nenhum colmo de bambu henon havia sobrevivido."Ainda permanece a questão sobre como os colmos mortos foram substituídos por uma nova geração", destacou o autor Toshihiro Yamada, biólogo da Universidade de Hiroshima, em entrevista ao Live Science.
Segundo Yamada, aparentemente a regeneração sexual não funciona entre essa espécie, uma vez que ela não consegue produzir sementes. Os pesquisadores acreditam que o bambu possa se regenerar no subsolo, eventualmente brotando novos colmos individuais.
No entanto, esse processo todo pode levar muitos anos e causa uma grande perda de biomassa. Como esse bambu cobre uma enorme extensão de terra, ele potencialmente perturba ecossistemas que o ajudam a se sustentar. Os cientistas dizem que isso não significa apenas perdas econômicas para as indústrias locais que dependem do bambu como material, mas também pode causar sérios problemas ambientais.
“Os serviços naturais prestados às pessoas pelo bambu incluem a prevenção da erosão do solo e a prevenção de deslizamentos de terra”, completou Yamada. Como próxima etapa, os pesquisadores pretendem avaliar se o bambu henon criado na China produz sementes e compreender melhor suas características para sanar os problemas que estão surgindo no Japão.