Elefantes podem usar nomes para se referirem uns aos outros

25/09/2023 às 08:002 min de leitura

Você já parou para pensar no quão fascinante é a ideia de ter um nome? Quando dito em voz alta, trata-se de um som que as pessoas emitem para se referir a você. Chamar alguém pelo seu nome dá a essa pessoa identidade e contribui para a criação de laços sociais. É algo extremamente complexo, que só vemos na espécie humana.

Contudo, pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, afirmam que outra espécie de animal também teria a capacidade de chamar seus colegas de grupo por nomes individualizados: os elefantes africanos.

A hipótese sugere que os elefantes emitem um som específico para chamarem outros elefantes, de forma semelhante à nossa espécie.  O estudo analisou o comportamento de animais em duas regiões do Quênia, o ecossistema Samburo, ao norte do país, e o Parque Nacional Amboseli, ao sul.

Os pesquisadores identificaram 625 ocorrências desses chamados. A maioria dessas ocorrências (597) ocorreu entre animais do mesmo grupo familiar. Foram identificados 114 chamadores únicos, ou seja, animais que usaram o mesmo som para chamar outro elefante, e 119 receptores únicos, animais que foram chamados por outros animais.

Isso significa que 114 elefantes usaram sons únicos para chamarem outros 119 animais. “Até onde sabemos, este estudo apresenta a primeira evidência de endereçamento vocal de membros da mesma espécie sem imitação dos chamados do receptor em animais não humanos”, afirma o artigo.

Pesquisadores gravaram os sons para chamar os elefantes

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Os cientistas decidiram verificar se os elefantes respondiam ao som de seus chamados quando eles eram reproduzidos por uma máquina, como um alto-falante. 17 animais foram submetidos a esse teste e, de fato, eles se aproximavam dos pesquisadores rapidamente quando eles reproduziam o som correspondente ao seu chamado, que fora emitido por outro elefante e gravado pelos cientistas. Cada animal respondia ao seu chamado individual, reforçando a ideia de que esse som funcionaria como um tipo nome próprio.

“Devido à sua dinâmica social, os elefantes estão muitas vezes fora da vista dos seus parceiros sociais estreitamente ligados e produzem ruídos de contato para se comunicarem a longas distâncias”, explicam os autores.

Dessa forma, essa capacidade ajudaria os bandos a se organizarem melhor, orientando-os a respeito da localização do grupo e protegendo a unidade da manada contra perigos, como os predadores. Sendo assim, os laços sociais entre os animais seriam fortalecidos.

É importante esclarecer que essa característica dos elefantes africanos não é idêntica à capacidade humana de linguagem. Não é como se esses animais usassem estruturas vocais complexas, como frases, para se comunicarem entre si. Mesmo assim, não deixa de ser fascinante a hipótese de os elefantes entenderem que são animais únicos na manada e desenvolverem um método para se comunicarem, respeitando essa individualidade.

População de elefantes africanos passou de 26 milhões para apenas 400 mil

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Cientistas estimam que antes dos europeus pisarem no continente africano, a população de elefantes africanos era de até 26 milhões de animais. Com o passar dos séculos, esse número caiu drasticamente, chegando à estimativa atual de 400 mil animais. A principal ameaça aos elefantes segue sendo a caça, quando não se tornam vítimas de caçadores, esses animais podem viver até os 70 anos.

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