Artes/cultura
18/10/2023 às 08:00•2 min de leitura
A Pepper X recebeu o título de pimenta mais picante do mundo, conforme anunciou o Guinness World Records na segunda-feira (16). Originária dos Estados Unidos, ela superou, com folga, a antiga campeã mundial, a Carolina Reaper, que ocupava o posto há 10 anos.
Desenvolvida pelo cultivador Ed Currie, responsável pela recordista anterior, a “Pimenta X” alcançou 2.693.000 unidades de calor Scoville (SHU), de acordo com os testes feitos pela Winthrop University, nos EUA. A escala, criada em 1912 pelo químico Wilbur Scoville, é utilizada para medir o sabor picante de uma pimenta.
Esta escala mede a concentração de capsaicina, componente ativo da especiaria e causador da sensação de ardência ao entrar em contato com o tecido humano, podendo liberar dopamina e endorfina no organismo. A substância química que leva à queimação fica na placenta, revestindo as sementes.
(Fonte: Guinness World Records/Divulgação)
A título de comparação, a Carolina Reaper registrou 1.641.183 SHU, ou seja, mais de 1 milhão de unidades de calor a menos do que a nova campeã. Outra espécie citada entre as pimentas mais fortes do mundo, a jalapeño tem entre 3.000 e 8.000 SHU, “apenas”, segundo o Guinness.
Para desenvolver a pimenta com a classificação mais alta já registrada na escala Scoville, Currie gastou cerca de 10 anos. Ao longo deste tempo, ele realizou diversas experiências com o condimento, incluindo cruzamentos com espécies igualmente picantes, como a própria Carolina Reaper, para aumentar o teor de capsaicina na versão final.
A criação de novas variedades de pimentas pode levar anos, já que as características desejadas costumam demorar algumas gerações para se estabilizarem, resultando em frutos consistentes. Como processo é longo e complexo, manter segredo a respeito do projeto faz toda a diferença.
(Fonte: Guinness World Records/Divulgação)
Foi por causa disso que o experiente cultivador manteve o desenvolvimento da Pepper X em absoluto sigilo. Pouquíssimas pessoas sabiam da sua criação em uma fazenda na Carolina do Sul (EUA), assim como também é reduzido o número de provadores da iguaria.
A ideia de esconder o cultivo foi reforçada ainda pelos problemas que o especialista teve com a antiga recordista. Estima-se que em torno de 10 mil produtos utilizem o nome Carolina Reaper sem autorização.
Para evitar o roubo da sua propriedade intelectual e o uso indevido da marca, Currie não divulgará os frutos e as sementes da Pimenta X publicamente. Dessa forma, experimentar a nova pimenta mais picante do mundo será possível apenas por meio de molhos feitos com ela.
Uma das cinco pessoas que já provaram a Pepper X, o criador afirmou ter sentido a ardência por três horas e meia, além de sofrido com fortes cólicas após comê-la. “Fiquei deitado por aproximadamente uma hora, na chuva, gemendo de dor”, alertou, em entrevista à Associated Press.