As focas que ajudam cientistas a explorar o fundo do oceano

21/11/2023 às 11:002 min de leitura

Explorar o fundo do oceano, ainda hoje, se mostra um trabalho relativamente difícil. Mas ainda assim, cientistas não deixam de investir em formas criativas de avançar nesse sentido. Como exemplo disso, na Antártica, as focas tiveram um papel essencial no mapeamento de uma área bastante restrita situada na baía Vincennes.

O próprio estudo destaca que apenas 23% do fundo do mar já foi mapeado no passado, por meio de navios de pesquisa. Nas águas do oceano antártico, por sua vez, as informações coletadas são bastante escassas. E na falta de dados precisos, as deduções ocorrem a partir de meios indiretos.

Além de áreas mais afastadas, muitas vezes inóspitas e de difícil acesso, a presença de gelo ainda se revela como um grande obstáculo para esse tipo de exploração, o que justifica a satisfação envolvendo as descobertas que essa expedição proporcionou. Equipadas com dispositivos ligados via satélite fixados na cabeça, mais de 250 focas auxiliaram na coleta de dados.

Animais marinhos auxiliaram no mapeamento das águas e mergulharam em áreas que eram mais de mil metros mais profundas que o esperado. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Animais marinhos auxiliaram no mapeamento das águas e mergulharam em áreas que eram mais de mil metros mais profundas que o esperado. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Focas desbravando o oceano

Mais de 500 mil mergulhos foram considerados na análise, e como parte deles ocorreu em áreas bastante profundas, pesquisadores não deixaram de reparar que os animais marinhos adentraram em áreas que eram até 1 mil metros mais profundas do que o esperado, redefinindo o conceito de fundo do oceano.

O estudo permitiu ainda a descoberta de um cânion de até 2.200 metros de profundidade na região noroeste da geleira Vanderford. Em homenagem às focas que ofereceram essa grande ajuda, ele foi chamado de Mirounga-Nuyina. 

Pesquisadores acreditam que os animais podem ser importantes para realizar descobertas semelhantes em outras áreas. Além de mapear o oceano, o interesse é coletar dados que auxiliem na compreensão das correntes marinhas e as dinâmicas relacionadas.

“As observações que recolhemos das focas ajudam a compreender melhor a forma do fundo do oceano”, disse Clive McMahon, coautor do estudo, publicado na revista Nature Communications Earth & Environment.

Cânion foi descoberto próximo da geleira Vanderford, na Antártica. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Cânion foi descoberto próximo da geleira Vanderford, na Antártica. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Redefinindo modelos

Ao analisar os dados obtidos, ainda foi percebido que parte das estimativas de profundidade consideradas até então estavam equivocadas. Isso foi percebido em mais de 25% das regiões, destacou o Professor Mark Hindell, que também participou do estudo.

E além de rastrear as áreas submarinas, esses animais marinhos auxiliaram na medição da temperatura, salinidade e a condutividade das águas, o que é especialmente importante para conhecer melhor as diversas dinâmicas que atuam sobre o continente antártico, sobretudo em meio à mudança climática que ameaça a região de forma bastante particular.

McMahon destacou a importância do papel desse tipo de estudo para a análise acerca das mudanças climáticas: “este conhecimento é essencial para os cientistas que tentam medir as taxas de derretimento das camadas de gelo.”

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