Ciência
25/11/2023 às 06:00•2 min de leitura
Se você já desmaiou alguma vez na sua vida, provavelmente ainda se lembra da sensação repentina de tontura ou náusea antes que tudo ficasse preto, não é mesmo? Também é bem provável que seus ouvidos tenham começado a zumbir e sua visão tenha embaçado. Então, você passa a se perguntar: "Qual o motivo disso ter acontecido?".
Durante anos, pesquisadores tentaram encontrar uma solução para essa resposta. O desmaio passou muito tempo sendo atribuído a uma restrição repentina no fluxo sanguíneo para o cérebro. Porém, o mecanismo por trás do motivo e como isso acontece permaneceu sendo um mistério. Agora, em um novo estudo publicado na Nature, investigadores parecem ter encontrado novos indicadores.
(Fonte: Getty Images)
Durante a nova pesquisa, os cientistas encontraram uma via entre o coração e o cérebro de ratos que parece induzir o desmaio quando seus neurônios são ativados. “Este é o primeiro passo para mostrar que o desmaio envolve muito mais do que apenas redução do fluxo sanguíneo”, firmou um dos autores do estudo, Vineet Augustine, em entrevista à NBC.
Para entender melhor o desmaio, ou a síncope, a equipe de pesquisadores concentrou sua atenção nos camundongos. Eles estudaram uma coleção de neurônios no nervo vago, que conecta o cérebro ao coração e ao sistema digestivo. O nervo vago ajuda em uma variedade de funções corporais, incluindo digestão, frequência cardíaca, tosse, espirro, deglutição e vômito. Ele também ajuda o corpo a encerrar sua resposta de luta ou fuga.
Segundo os investigadores, muitas informações foram extraídas de neurônios específicos dentro dessa via, chamados VSNs NPY2R, que ligam as câmaras inferiores do coração ao tronco cerebral. Esses neurônios expressam um receptor associado às contrações dos vasos sanguíneos. Em laboratório, os pesquisadores ativaram esses neurônios para ver o que acontecia.
Em poucos segundos, os ratos que se moviam anteriormente perderam a consciência. Depois de mais alguns segundos, eles começaram a acordar e a andar normalmente. Após a ativação dos VSNs NPY2R, os ratos também mostraram sinais clássicos de síncope em humanos, incluindo dilatação rápida da pupila, revirar os olhos, pressão arterial baixa, frequência respiratória suprimida e redução do fluxo sanguíneo para o cérebro. Quando os neurônios foram removidos, os desmaios simplesmente desapareceram.
(Fonte: Getty Images)
Além da ação dos neurônios específicos, a equipe de pesquisadores também descobriu que quando os ratos ficavam inconscientes, a atividade dos neurônios diminuía em todas as áreas do cérebro, exceto em uma: a zona periventricular, uma região do hipotálamo. Quando os cientistas bloquearam a atividade nesta área, os ratos demoraram mais para recuperar a consciência. Ao estimularem essa região, por outro lado, eles acordaram.
Isso sugere que a síncope e a recuperação são de alguma forma reguladas por uma rede que inclui VSNs NPY2R e a zona periventricular. Ao aprofundar a compreensão do coração humano, essa investigação pode ser relevante para ajudar no tratamento de doenças cardiovasculares, que são a principal causa da morte em todo o mundo.
Além disso, os pesquisadores também esperam que o estudo possa inspirar novas abordagens para prevenir os desmaios — que afetam aproximadamente 40% das pessoas em algum momento das suas vidas. De acordo com o artigo, o tratamento para casos de síncope poderia ser a substituição ou remoção dos gens relacionados ao nervo vago.