Cão criado para extrair lã tem passado revelado por pesquisadores

20/12/2023 às 11:412 min de leitura

Ao longo da história da humanidade, a vida dos seres humanos sempre estiveram interligadas com as de nossos companheiros caninos. Antigamente, os cães sempre foram vistos como objeto de proteção, ajudantes de trabalho e sobretudo grandes companheiros. Contudo, uma antiga espécie extinta também era conhecida por algo peculiar: a produção de lã.

Ao combinar técnicas modernas genômicas com o conhecimento de comunidades indígenas, pesquisadores acabam de obter uma nova visão sobre essa raça pouco conhecida que foi valorizada pelos povos nativos americanos por milhares de anos. O objetivo de estudo foi a pelagem de um cão lanoso de 160 anos chamado "Mutton".

Criação de cães lanosos

(Fonte: Karen Carr/Reprodução)(Fonte: Karen Carr/Reprodução)

Cães lanosos foram criados e cuidados pelo povo indígena salish, da costa do noroeste do Pacífico, por milhares de anos. Como mostra a reconstrução feita em laboratório, o melhor palpite dos pesquisadores é que essa espécie extinta se parecia muito com os spitz alemães, ou "lulus-da-pomerânia", chamando atenção pela sua fofura exacerbada.

Inclusive, esses cães eram literalmente tão fogos que podiam ser tosquiados como ovelhas para a obtenção dos seus subpelos grossos, que então eram tecidos em cobertores ou outros itens têxteis. Essas criaturas tinham um status muito elevado na sociedade Salish, com importante significado espiritual. Até hoje, emblemas desses cachorros peludos podem ser encontrados na arte e nos artefatos desta comunidade.

Sua criação e cuidados de saúde eram administrados com muita cautela e esses cães eram considerados membros queridos da família. Contudo, em meados do século XIX, a tradição de tecer de cães entrou em declínio. Neste período, Mutton estava sob os cuidados do naturalista e etnógrafo George Gibbs, que doou a pele do animal ao Smithsonian Institution. Essa é a última amostra existente que a humanidade possui sobre essa espécie de cão.

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(Fonte: Smithsonian Institution/Divulgação)(Fonte: Smithsonian Institution/Divulgação)

Em comunicado oficial, a bióloga molecular evolutiva Audrey Lin afirmou ter ficada emocionada ao encontrar a amostra única do cão lanudo em 2021. "Eu ouvi de outras pessoas que ele era um pouco desgrenhado, mas achei que ele era lindo", disse. Lin e seus colegas decidiram preencher uma lacuna no registro científico: realizar análises genéticas desses cães peludos, que pareciam ter sido extintos por volta da virada do século XX.

Além de reunir especialistas de diferentes disciplinas científicas no processo, os investigadores fizeram questão de aproveitar a experiência e o conhecimento geracional do povo salish. Por fim, a equipe sequenciou o genoma do cão lanoso para compará-lo com outras raças de cães antigas e modernas. Essas análises revelaram algumas informações sobre a dieta do animal e até mesmo ajudou nas reconstruções realistas feitas pela ilustradora Karen Carr.

No entanto, a questão do porquê essas incríveis criaturas foram extintas é mais difícil de responder apenas com base na genética. Os investigadores supõem que a chegada de mantas feitas à máquina na região pode ter levado ao desaparecimento da arte tradicional da tecelagem e ao subsequente declínio da raça. Contudo, não é isso que os antigos povos dizem.

Em vez disso, é provável que as comunidades salish tenham sido proibidas de manter cães lanosos pelos colonos ou até mesmo que o genocídio desse povo tenha tornado muito difícil para os povos indígenas manterem essa tradição. De todo modo, a memória de cães como Mutton ainda vive entre o povo salish e jamais poderá ser apagada. 

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