Estilo de vida
15/01/2024 às 12:00•2 min de leitura
Com quase 3 metros de altura e pesando até 300 kg, os maiores grandes símios que já existiram na Terra eram chamados de Gigantopithecus blacki, ou "gigantos". Essas incríveis criaturas vagaram pela China moderna por quase 2 milhões de anos. Porém, apesar da sua longa existência e de décadas de pesquisas por paleontólogos, o registro fóssil completo dos animais consiste em apenas quatro maxilares e cerca de 2 mil dentes isolados.
Agora, investigadores dizem que as mudanças climáticas pré-históricas podem ter levado à extinção da espécie, de acordo com um artigo publicado na revista Nature. Os enormes macacos, ao que parece, não conseguiram ajustar as suas dietas para acompanhar o ritmo das mudanças ambientais.
(Fonte: Southern Cross University/Divulgação)
Em entrevista à Associated Press, o pesquisador da Southern Cross University da Austrália e coautor do estudo, Renaud Joannes-Boyau, destacou que os gigantos eram tão grandes que não conseguiam subir em árvores para explorar novas fontes de alimento quando as mudanças climáticas passaram a deixar os recursos mais escassos.
Embora esses macacos provavelmente se parecessem com os orangotangos modernos e menores, eles eram comedores mais exigentes que os primatas de hoje em dia. Essa espécie provavelmente apreciava frutos e flores do seu habitat tropical. Porém, caso estes não estivessem disponíveis, eles poderiam ter recorrido a partes de árvores com baixo valor nutricional.
Para chegar a essa conclusão, os investigadores examinaram alguns dos restos mortais de giganto que foram desenterrados em cavernas no sul da China, entre o rio Yangtz e o Mar do Sul da China. Eles utilizaram um conjunto completo de técnicas para datar dentes preservados e sedimentos das cavernas, o que reduziu a janela de extinção dos primatas para cerca de 215 mil a 295 mil anos atrás.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para obter mais dados, os pesquisadores também analisaram pólen e sedimentos perto dos locais das descobertas de fósseis da espécie, encontrando indicações de que uma mudança ambiental ocorreu nessa altura. À medida que estações chuvosas e secas mais extremas levaram florestas anteriormente densas a ficarem intercaladas com áreas relvadas, os gigantos encontraram dificuldade para sobreviver.
“A cobertura florestal ainda era bastante elevada quando o giganto foi extinto, por isso não foi apenas uma deterioração da floresta”, disse a coautora do estudo Kira Westaway, da Universidade Macquaria na Austrália. Segundo ela, enquanto outras espécies de macacos da região ajustavam as suas dietas e comportamento, os gigantos permaneceram no chão em vez de subir em busca de novas refeições.
“Durante o período de extinção, vemos muito mais arranhões e marcas nos dentes, mostrando que ele comia mais alimentos fibrosos, como cascas e galhos”, afirmou Westaway à Scientific American. Outros cientistas alertam que o novo estudo pode não fornecer a história completa desses símios gigantes, embora as evidências sejam convincentes.
De toda forma, ao construir uma visão robusta do habitat, comportamento e linha do tempo dos gigantos, os investigadores esperam fornecer mais informações sobre os eventos de extinção que ocorrem no mundo moderno — especialmente pelo fato da atividade humana estar potencialmente empurrando o planeta para uma sexta extinção em massa.