Ciência
13/02/2024 às 13:00•2 min de leitura
Desde que ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, começaram a se popularizar, uma infinidade de debates surgiram sobre seu impacto. Que profissões ou indústrias podem perder importância, ou até desaparecer, pelo uso da IA? Como criar leis para prevenir excessos no uso dessas tecnologias? Como proteger os humanos e seus empregos da ameaça tecnológica?
Mas, há também outros debates bem mais "cotidianos" que geraram — ou deveriam gerar — preocupação nos especialistas em IA.
Veja só: entre os 103 milhões de usuários de IAs generativas nos Estados Unidos, 13% só quer "conversar com alguém". Os dados são de uma pesquisa da Consumer Reports, que diz ainda que 69% dos americanos não usaram chatbots de IA regularmente nos últimos três meses que precederam agosto de 2023.
(Fonte: Getty Images)
De acordo com a pesquisa, a maioria dos usuários aproveita as tecnologias de IA para tarefas comuns do dia a dia: escrever conteúdos, resumir textos longos e dar ideias para trabalhos de escola. As pessoas também pedem respostas para perguntas, ao invés de pesquisar em algum mecanismo de busca tradicional, como o Google.
Ainda que muitas pessoas tenham destacado as capacidades de programação do ChatGPT, os programadores ainda não estão ameaçados: só 10% dos usuários disseram usá-lo para criar ou editar códigos. É menos do que os 13% que usam a IA para conversar. É interessante ainda observar que uma parcela semelhante dos usuários relatou acessar um chatbot sem razão específica, "apenas para ver como é".
Mesmo assim, as descobertas da pesquisa abrem margem para algumas preocupações. Afinal, conversar com alguém sobre amenidades é uma necessidade humana — e por mais que as IAs possam simular uma conversa, substituí-las pelo contato humano não parece saudável.
Na medida em que as respostas das inteligências artificiais melhoram — e soam mais naturais — muitos críticos dessas tecnologias começaram a expressar essa preocupação. Os humanos poderiam deixar de procurar relações com outras pessoas para "se satisfazer" com as inteligências artificiais.
(Fonte: Getty Images)
Inclusive, um mercado crescente de chatbots, que funcionam como "namoradas virtuais", está surgindo nos últimos tempos — quase todo focado no público masculino. O mais preocupante é que estão surgindo muitos casos de homens agindo de forma abusiva com suas namoradas virtuais.
Além dessa questão dos relacionamentos, outro debate sério que pode surgir na substituição dos humanos pela IA diz respeito à saúde: 21% dos estadunidenses relatou usar a inteligência artificial para atividades de saúde ou para discutir assuntos de saúde nos últimos seis meses. Mas o que pode acontecer se a IA oferecer alguma recomendação que gere riscos à saúde?
Sendo essa uma nova tecnologia — que ainda não é plenamente regulamentada em nenhum país do mundo —, as discussões parecem estar só começando.