Artes/cultura
11/02/2024 às 13:00•2 min de leitura
À medida que novos tratamentos surgem, ver pessoas curadas de doenças que há poucos anos pareciam invencíveis, é motivo de muita alegria. E não é diferente quando vemos esses conhecimentos médicos serem aplicados em benefício de outros animais, eventualmente permitindo até mesmo que nossos queridos pets desfrutem de uma vida melhor.
Tyson, um buldogue francês, é um exemplo concreto desse avanço dentro da medicina veterinária recentemente. A recuperação do cachorro de um câncer grave, em particular, foi o que surpreendeu positivamente sua tutora, assim como os veterinários e demais profissionais que acompanharam esse capítulo delicado da sua história.
Em 2023, foi descoberto que o cãozinho, que estava com apenas três meses, tinha um carcinoma espinocelular papilar oral, que figura entre uma das formas de câncer mais comuns em cachorros.
A preocupação era imensa, mas pelo menos até o momento da descoberta, o tumor não havia se espalhado para outras áreas do corpo. Com isso, aumentava a esperança de que o doguinho pudesse desfrutar de um tratamento bem-sucedido.
(Fonte: Melissa Forsythe/Cornell University/Reprodução)
No entanto, remover o tumor significaria deixar o filhote sem a maior parte de mandíbula inferior esquerda, o que naturalmente iria gerar impacto pelo resto da sua vida. A cirurgia, então, foi realizada e tudo ocorreu dentro do esperado.
Tyson, por fim, retornou para o seu lar. Passado algum tempo, sua tutora Melissa Forsythe foi surpreendida com a recuperação do seu pet. Ele não apenas estava curado do tumor, como a mandíbula esquerda tinha se regenerado após oito semanas.
A forma como foi conduzida a cirurgia fornece parte da explicação da regeneração óssea ocorrida: o fenômeno já foi observado em humanos, ou melhor, em crianças, e é possível graças a ação do periósteo, uma membrana que recobre os ossos e possui um papel importante na formação e reparação deles.
Cientes disso, os cirurgiões optaram por preservar essa mesma membrana, possibilitando que o animal filhote desfrutasse de benefício semelhante na sua recuperação. Mas não havia muita expectativa envolvida nesse sentido, já que uma grande área do osso havia sido removida. Então só restava uma opção: tentar.
Imagem mostra a evolução do animal após a cirurgia para retirada do tumor. (Fonte: Frontiers in Veterinary Science/Reprodução)
Embora o motivo do sucesso do procedimento ainda não seja totalmente compreendido, não deixa de ser uma conquista importante. Ele fornece a primeira evidência que os cães podem apresentar resultados positivos no processo de regeneração óssea, mesmo nessa circunstância mais delicada.
A evolução do animal, portanto, representa um possível avanço no tratamento de tumores em cães. Por se tratar de um passo inicial significativo que poderá nortear estudos futuros, o caso foi publicado no periódico Frontiers in Veterinary Science.
Inclusive, neste caso, foi percebido que a nova mandíbula que cresceu no pequeno buldogue francês cumpre plenamente suas funções. Porém, não nasceram novos dentes no animal, impossibilitando que ele desfrute de refeições com alimentos sólidos. Mas o importante é que Tyson está curado e saudável.