Anfisbena: nova espécie de cobra-de-duas-cabeças é descoberta no Brasil

21/10/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 21/10/2024 às 18:00

Nova espécie de réptil sem patas, a chamada Amphisbaena amethysta foi identificada por cientistas brasileiros durante um trabalho de conservação da vida selvagem realizado pela empresa Bamin (Bahia Mineração), na região de Caetité, no Alto Sertão da Bahia.

Segundo o estudo, publicado na revista ZooKeys, a nova anfisbena, conhecida popularmente no Brasil como cobra-de-duas-cabeças, pode ser distinguida das outras 20 espécies já registradas na Caatinga por alguns traços característicos distintos.

Essas características únicas morfológicas e fisiológicas incluem: “(1) focinho convexo em vista de perfil, ligeiramente comprimido e não quilhado; (2) escamas peitorais dispostas em anéis regulares; (3) quatro poros pré-cloacais; (4) escudos cefálicos distintos; (5) 185-199 meio-anéis dorsais; (6) 13-16 anéis caudais; (7) local autotômico conspícuo entre o 4º e 6º anéis caudais; (8) 16-21 segmentos dorsais e ventrais no meio do corpo; (9) 3/3 supralabiais e 3/3 infralabiais; (10) ponta da cauda lisa e arredondada”, explicam os autores.

Como é a Amphisbaena amethysta?

x. (Fonte: Ribeiro et al./ZooKeys/Divulgação)
A anfisbena não tem na realidade duas cabeças. (Fonte: Ribeiro et al./ZooKeys/Divulgação)

As anfisbenas constituem um clado (família evolutiva) dentro da ordem Squamata (répteis escamados) que inclui também as serpentes e os lagartos. Com seus 26 centímetros de comprimento, ela se parece mais com um minhoca gigante do que com uma cobra, embora tenha esqueleto, como as serpentes. 

Diferente da anfisbena da mitologia grega, sua similar da porção baiana da Serra do Espinhaço não tem, na verdade, duas cabeças, mas a ponta da sua cauda é arredondada, parecida com uma cabeça, uma estratégia para confundir os predadores. 

Outra característica que aproxima as anfisbenas das minhocas é o fato de ambas serem animais fossoriais, o que significa que vivem a maior parte de suas vivas abaixo da superfície do solo. Seus habitats são geralmente escuros, úmidos e com temperaturas mais estáveis que a superfície, além de ter pouco oxigênio, espaços apertados e proteção contra predadores.

Importância da descoberta da nova espécie de anfisbena

Cauda de Amphisbaena amethysta. (Fonte: Ribeiro et al./ZooKeys/Divulgação)
Cauda de Amphisbaena amethysta. (Fonte: Ribeiro et al./ZooKeys/Divulgação)

A identificação dessa nova espécie durante um trabalho de pesquisa específico indica que, debaixo da superfície da região da Serra do Espinhaço, pode existir uma grande fauna fossorial totalmente desconhecida. 

Segundo os pesquisadores, a região "pode abrigar uma diversidade muito maior de táxons endêmicos [espécies únicas de uma região] do que se percebeu até agora", além de outros grupos de animais.

Além da ampliação do nosso conhecimento científico, a descoberta da Amphisbaena amethysta destaca a importância da Serra do Espinhaço como um hotspot de biodiversidade. A relevância de preservar habitats únicos indica que os ecossistemas da região devem ser preservados e alvos de cuidadosa pesquisa científica.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: