Cavalos revelam um nível sofisticado de inteligência ao jogar jogos!

Embora pouco estudados pela ciência, cavalos são geralmente considerados “burros”, não no sentido equino, mas no sentido de terem uma inteligência medíocre, o que é reforçado pelo fato de terem um córtex pré-frontal muito subdesenvolvido. Para testar essa crença, três pesquisadoras britânicas submeteram 20 cavalos a testes de aprendizagem baseada em modelos.

Surpreendentemente, os Equus ferus caballus que participaram dos testes de adaptabilidade dos sujeitos a novas situações mostraram um nível inesperado de inteligência, ignorando espertamente as regras do jogo proposto, para devorar o máximo de guloseimas com o mínimo esforço.

O objetivo principal da pesquisa foi testar se os cavalos vivem só no presente ou possuem alguma noção de futuro. O resultado dos testes confirmou o que muitas pessoas que trabalham ou convivem com cavalos já sabiam: esses grandes herbívoros demonstraram uma capacidade de planejamento futuro, que é uma habilidade cognitiva avançada.

Como as pesquisadoras testaram a inteligência dos cavalos?

No teste realizado com 20 cavalos, cada um recebeu um petisco como reforço positivo por tocar um alvo de papelão. Mas, quando o alvo era mostrado ao lado de uma luz, a recompensa não era dada. Ou seja, a luz deveria sinalizar uma espécie de “pare”, mas os cavalos continuaram a tocar o alvo com os focinhos, devorando seus prêmios assim que a luz apagava.

Uma conclusão precipitada diria que eles não entenderam o jogo, mas há outras razões alternativas para esse comportamento, explica a equipe. Por exemplo: compreensão, mas falta de inibição comportamental (paciência) para parar; demora maior para aprender um segundo sinal do que o tempo que lhes foi dado; ou aplicar “espertamente” uma estratégia de custo-benefício.

Para saber o que estava realmente acontecendo, as pesquisadoras introduziram uma espécie de punição, deixando o cavalo sem recompensa por 10 segundos se ele tocasse no cartão quando a luz de “parada” estivesse acesa. Embora esperassem que o desempenho melhorasse, as autoras ficaram “surpresas com o quão imediata e significativa foi a melhoria”, disse a primeira autora do estudo, Louise Evans, da Universidade Nottingham Trent. 

O que a nova pesquisa ensinou sobre os cavalos?

As autoras acreditam que os cavalos participantes do estudo cutucaram seus alvos de qualquer jeito no início, porque recebiam guloseimas regularmente, mesmo sem ter que aprender o que significava a luz. Mas tão logo foi implantada a "multa", eles passaram a respeitar o sinal de parada, passando a tocar o papelão apenas na hora certa de receber o alimento. 

Isso confirmou que eles possuem uma capacidade de antecipar eventos futuros, e mudar seu comportamento para um objetivo pensado: devorar mais petiscos com um mínimo de esforço.

Para a coautora Carrie Ijichi, também da universidade britânica, "isso nos ensina que não devemos fazer suposições sobre inteligência animal ou senciência com base no fato de eles não serem 'construídos' como nós", conclui a comportamentalista animal.

A pesquisa foi publicada na Applied Animal Behaviour Science.