Ciência
11/06/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 11/06/2024 às 12:00
Muito se fala atualmente sobre os impactos das mudanças climáticas em várias partes do mundo, especialmente nas geleiras e nos rios. Porém, o que muitos não sabem é que isso não se trata de algo exclusivamente recente, já que tal fenômeno também pode ser observado no passado.
Um caso que vem ganhando espaço em algumas discussões nos últimos meses é o do rio Nilo. Afinal, um estudo divulgado por pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra, mostra que ele se beneficiou de algumas mudanças no clima do nosso planeta.
Segundo um estudo publicado na Nature Geoscience, o rio Nilo passou por algumas mudanças de comportamento durante o período Holoceno. Essa é uma época geológica mais recente da Terra, que compreende os últimos 11,5 mil anos.
Para perceber as mudanças que afetaram o rio, os pesquisadores fizeram 81 furos ao longo do Vale do Nilo próximo a Luxor, muitos deles de maneira manual. Com isso, puderam avaliar o que aconteceu na região no passado, chegando à conclusão de que, há quatro mil anos e de forma repentina, o local passou por uma mudança gigantesca de comportamento.
"Sítios do Patrimônio Mundial da UNESCO, como os templos de Karnak e Luxor, [estão] localizados a leste do atual Nilo e os templos e necrópoles do culto real, [estão] na margem ocidental do deserto – lugares que estavam física e mitologicamente conectados à paisagem fluvial", relata o estudo.
"Além disso, é possível que as mudanças ambientais também tenham impactado a agro-economia regional, que foi de importância crítica para o sucesso do antigo estado egípcio", continua o texto.
O fato é que, nesse processo, o Nilo acabou evoluindo. Ao que tudo indica, ele era um rio bem estreito no passado, mas o acúmulo de sedimentos no fundo do Vale do Nilo ajudou na construção do leito do rio e, consequentemente, melhorou bastante o solo.
"A expansão da planície de inundação teria ampliado enormemente a área de terras aráveis no Vale do Nilo, perto de Luxor (antiga Tebas), e melhorado a fertilidade do solo ao depositar regularmente sedimentos férteis", relata Benjamin Pennington, coautor do artigo.
Dessa forma, essas mudanças foram as responsáveis pelo rio que vemos atualmente. Aliás, vale notar que ele não teria essas mesmas dimensões caso observado por alguém dois mil anos atrás, indicando que ele ainda passou por mais mudanças no primeiro milênio.