Quem foram os Cro-Magnons, os ancestrais artísticos da humanidade?

02/12/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 02/12/2024 às 09:00

Quando pensamos em nossos ancestrais da pré-história, é comum imaginá-los como figuras rústicas, lutando para sobreviver em cavernas geladas.

Mas, e se eu te dissesse que há mais de 40 mil anos existiam humanos anatomicamente idênticos a nós, que não só sobreviviam, mas também criavam joias, pintavam as paredes das cavernas e até enterravam seus mortos com ornamentos?

Esses eram os Cro-Magnons, habitantes da Europa durante a última Idade do Gelo. Eles não eram “primitivos” no sentido pejorativo da palavra; na verdade, tinham muito mais em comum conosco do que você imagina.

Descoberta

Cro-Magnon 1. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Cro-Magnon 1. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Tudo começou em 1868, no vale de Dordogne, na França, quando trabalhadores que escavavam a região descobriram restos de quatro adultos e uma criança em um abrigo rochoso. Junto aos ossos, estavam pingentes de conchas e dentes de animais, o que deixou os pesquisadores intrigados: será que essas pessoas já tinham rituais funerários?

Na época, os Cro-Magnons foram tratados como uma espécie distinta, algo entre humanos modernos e neandertais. Entretanto, conforme a ciência avançou, os especialistas perceberam que eles não eram tão exóticos assim. Na verdade, eram simplesmente humanos anatomicamente modernos (como eu e você).

Isso levou a uma reclassificação no final do século 20, quando os paleontólogos passaram a se referir a esse povo como Humanos Modernos do Paleolítico Superior, e não apenas como “Cro-Magnon”, que era o nome da caverna em que foram encontrados.

Vida e arte

Adorno de conchas de Cro-Magnon. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Adorno de conchas de Cro-Magnon. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Os Cro-Magnons eram artistas e sobreviventes natos. Apesar das dificuldades — como invernos rigorosos e uma dieta que provavelmente incluía muito mais carne do que frutas e vegetais —, eles deixaram um legado cultural impressionante.

Ferramentas sofisticadas de osso, pedra e chifre? Eles faziam. Pinturas rupestres detalhadas de animais e figuras humanas? Também. Joias e esculturas? Pode apostar.

Mas não pense que a vida era fácil. Alguns esqueletos encontrados na caverna mostram sinais de traumas severos. Cro-Magnon 1, por exemplo, um homem adulto, tinha uma infecção fúngica visível em seu crânio.

Outros apresentavam vértebras fundidas no pescoço, provavelmente causadas por lesões. E, mesmo assim, essas pessoas persistiam, adaptando-se às adversidades de maneiras engenhosas.

O mais fascinante é como eles já exibiam uma organização social e um senso de estética que nos lembram de que a humanidade é, por natureza, criativa e colaborativa. Suas pinturas rupestres, com detalhes impressionantes, nos dão um vislumbre de suas crenças e rituais. Então, eles não estavam apenas sobrevivendo, estavam vivendo, se expressando e criando um mundo com significado.

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