Ciência
03/12/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 03/12/2024 às 12:00
Uma descoberta arqueológica recente está balançando as estruturas do que se sabia sobre a origem do alfabeto. A equipe de pesquisadores liderada pelo professor Glenn Schwartz, da Universidade Johns Hopkins, encontrou cilindros de argila datados de cerca de 2400 a.C., que desafiam a ideia de que o alfabeto teria surgido em torno do Egito.
De acordo com os arqueólogos, os cilindros encontrados em Tell Umm-el Marra, na Síria, são 500 anos mais antigos do que os registros conhecidos e podem indicar que o alfabeto se originou em um lugar diferente do que se pensava até agora. Esse novo achado revela que as pessoas estavam experimentando novas tecnologias de comunicação muito antes do que imaginávamos e em um local completamente diferente.
Os cilindros de argila encontrados em Tell Umm-el Marra podem ter sido usados como rótulos ou identificadores de objetos. Os pesquisadores encontraram quatro cilindros, levemente assados, com sinais que indicam uma forma primitiva de escrita alfabética. Eles estavam perfurados, o que sugere que poderiam ter sido amarrados a algum outro objeto, talvez um recipiente, funcionando como uma espécie de etiqueta.
Embora os pesquisadores não possam traduzir a escrita, há especulações sobre o que ela poderia indicar. “Sem um meio de traduzir a escrita, podemos apenas especular”, diz Schwartz. A descoberta é particularmente significativa porque os cilindros foram encontrados ao lado de artefatos de valor histórico, como joias de ouro e prata, utensílios de cozinha e até mesmo uma ponta de lança.
Essa combinação de achados sugere que a escrita estava começando a ser usada de forma prática no cotidiano das pessoas, possivelmente para identificar a origem ou o conteúdo de objetos importantes. A escavação também revelou túmulos bem preservados da Idade do Bronze, o que ajuda a datar com precisão os artefatos e a escrita.
A descoberta em Tell Umm-el Marra desafia o que os estudiosos sabiam até agora sobre o alfabeto. Até então, a crença predominante era de que o alfabeto havia sido criado no Egito por volta de 1900 a.C. Mas, com a datação dos cilindros, os arqueólogos agora sugerem que o alfabeto pode ter uma história de origem completamente diferente, possivelmente ligada à região da Síria.
Essa mudança de perspectiva abre novas possibilidades de investigação e compreensão sobre como as primeiras formas de comunicação escrita se espalharam pelo mundo antigo. De acordo com Schwartz, a descoberta não apenas altera o local de origem do alfabeto, mas também ilumina um novo capítulo sobre o desenvolvimento das primeiras civilizações urbanas.
"Nosso artefato é mais antigo e vem de uma área diferente do mapa, o que sugere que a história da origem do alfabeto pode ser bem diferente do que pensávamos", conclui o arqueólogo. Ele compartilhará mais detalhes de sua descoberta no encontro anual da American Society of Overseas Research, onde promete expandir ainda mais os horizontes da história da escrita.