Ciência
03/12/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 03/12/2024 às 16:00
O corpo de uma baleia considera a mais rara do mundo foi encontrado na segunda-feira (2) em uma praia da Nova Zelândia, por um grupo de cientistas e especialistas culturais. A descoberta está sendo considerada um evento “enorme” do ponto de vista científico e de conservação, uma vez que se trata da sexta amostra a ser documentada no mundo desde 1800.
Incrédulo com o precioso achado, o consultor sênior de ciências marinhas da agência de conservação da Nova Zelândia, Anton van Helden, chamou logo o cetáceo de baleia-de-dentes-de-espada para distingui-la de outras espécies bicudas, e confirmou à ABC que se trata de "uma das espécies de mamíferos de grande porte menos conhecidas dos tempos modernos",
Embora a identidade da criatura marinha de cinco metros de comprimento tenha sido confirmada pelos padrões de cor característicos e pelo formato inconfundível de seu crânio, bico e dentes, os restos mortais foram refrigerados para a realização de testes de DNA, o que pode levar várias semanas, segundo os especialistas.
Segundo Van Helden, essa é a primeira vez na história em que uma equipe de cientistas disseca um espécime completo de baleia-de-dentes-de-espada, que é da mesma família das baleias-de-bico. Prevista para uma semana, a dissecação buscará preencher algumas lacunas sobre o comportamento, a dieta e a anatomia básica da baleia.
Entre os procedimentos, "Seremos capazes de observar as estruturas usadas para a produção de som, o layout do estômago, que é exclusivo de cada espécie de baleia-bicuda, e até mesmo confirmar exatamente quantas vértebras essa espécie possui", explicou à ABC o especialista, que vem estudando esses mamíferos há mais de 35 anos.
A dissecação será realizada em silêncio e de forma mais lenta do que o normal, porque está sendo feita em parceria com os maori, o povo indígena da Nova Zelândia. É que as baleias são, para eles, um tesouro precioso ("taonga"), motivo pelo qual a criatura tem que ser tratada com a mesma reverência devida a qualquer ancestral.
Conforme os especialistas, as baleias-de-dentes-de-espada habitam provavelmente no Oceano Pacífico Sul, hospedeiro de algumas das maiores fossas oceânicas do planeta. Enquanto as baleias-de-bico são mais "aparecidas" mergulhando no oceano em busca de comida, as de-dentes-de-espada são mais reservadas e só vêm a tona raramente.
A dissecação do "taonga" atraiu cientistas do mundo inteiro, que vieram para assistir ao evento.
Embora esteja previsto que o esqueleto da baleia seja remetido para exibição em um museu, o povo iwi ficará com o maxilar e os dentes do animal no final da dissecação. Uma tomografia computadorizada da cabeça da baleia permitirá a replicação dessas partes em uma impressora 3D.