Como o cérebro organiza e consolida experiências enquanto dormimos?

01/09/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 01/09/2024 às 08:00

Durante o sono, nosso cérebro não apenas descansa, mas também trabalha ativamente, organizando e consolidando as experiências do dia. Um estudo recente revelou que o hipocampo, área crucial para a memória e o aprendizado, processa e agrupa essas experiências de maneira eficiente. Isso não só fortalece as memórias, como também prepara o cérebro para lidar mais rapidamente com futuras experiências.

Nosso cotidiano é repleto de vivências e informações que precisam ser armazenadas em nossa memória. No entanto, a capacidade do cérebro de lidar com tantas experiências sem as confundir é impressionante. 

Segundo a pesquisa, durante o sono, grupos de células cerebrais chamadas de conjuntos neuronais entram em ação, reproduzindo essas experiências passadas em rápidos flashes de menos de um segundo. Esse processo permite que o cérebro não só guarde essas memórias, mas também "pré-reproduza" possíveis eventos futuros, facilitando o aprendizado e a adaptação a novas situações.

Sem interferências

Dormir é muito importante para o cérebro jogar o
Dormir é muito importante para o cérebro jogar fora o "lixo" acumulado do dia. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Certamente podemos pensar em como o cérebro consegue organizar tantas informações diferentes sem que elas se misturem. De acordo com o estudo, tudo transcorre em ordem porque o hipocampo tem uma habilidade especial para agrupar cerca de 15 experiências distintas ocorridas ao longo do dia em blocos de eventos únicos. 

Esses blocos, conhecidos como quadros, são processados de maneira tão rápida e eficiente que evitam a interferência entre as diversas memórias. Esse fenômeno é particularmente fascinante porque nos ajuda a entender como conseguimos lembrar de eventos distintos sem que um atrapalhe o outro.

A pesquisa também mostrou que, além de evitar interferências, o cérebro consegue "oscilar" entre diferentes representações de experiências, compactando-as no tempo de modo que duas ou mais memórias sejam processadas paralelamente. 

Essa capacidade de "multitarefa" neuronal é o que nos permite, por exemplo, lembrar da sequência de eventos de um dia inteiro sem que os detalhes se percam. A ideia de que o cérebro pode lidar com múltiplas informações ao mesmo tempo sem as confundir refuta a teoria de que a sobrecarga de informações levaria a uma "interferência catastrófica" nas memórias.

Revisando experiências

Nossos neurônios (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Conjuntos neuronais repetem as nossas experiências diárias para torná-las fixas na memória. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Os pesquisadores chegaram a essas conclusões após analisar a atividade neuronal de ratos que exploraram diferentes ambientes durante o dia e depois foram monitorados enquanto dormiam

Eles descobriram que o cérebro dos ratos revisitava essas experiências em um ritmo acelerado durante o sono, reproduzindo a sequência de eventos do dia em questão de milissegundos

Curiosamente, as primeiras e últimas experiências do dia eram as mais fortemente representadas ao longo da soneca, um fenômeno semelhante ao que acontece com os humanos, que tendem a lembrar melhor do início e do fim de uma série de eventos.

Essa pesquisa nos dá uma visão mais clara de como o cérebro lida com a enorme quantidade de informações que recebemos diariamente. A capacidade do hipocampo de processar diferentes experiências de forma simultânea e eficiente é um testemunho da complexidade e sofisticação do nosso sistema nervoso. 

Embora ainda haja muito a descobrir sobre esse processo, esses estudos abrem novas possibilidades para entender melhor os mecanismos cerebrais e aprimorar a memória e o aprendizado. No fim, o sono, muitas vezes subestimado, mostra-se um período de intensa atividade mental, essencial para nossa adaptação e sobrevivência.

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