Conheça o 1º animal descoberto que consegue viver sem oxigênio

27/06/2024 às 14:002 min de leituraAtualizado em 27/06/2024 às 14:00

Um grupo de cientistas liderados por Dayana Yahalomi, da Universidade de Tel Aviv, em Israel, fizeram uma descoberta surpreendente que desafia uma das verdades fundamentais da biologia. Um pequeno parasita encontrado em salmões foi identificado como o primeiro organismo multicelular que vive sem a necessidade de oxigênio. A descoberta foi publicada na renomada revista científica PNAS.

Adaptação a um ambiente anaeróbico

Henneguya salminicola. (Fonte: Stephen Douglas Atkinson/Reprodução)
Henneguya salminicola. (Fonte: Stephen Douglas Atkinson / Reprodução)

Henneguya salminicola pertence ao filo Cnidaria, que inclui organismos como águas-vivas e anêmonas. Esse parasita passa a maior parte do tempo dentro dos músculos dos salmões, onde o oxigênio pode estar em baixas concentrações. Ao longo de sua evolução, ele desenvolveu adaptações únicas que lhe permitem sobreviver sem a necessidade de oxigênio. Isso inclui a perda de seu genoma mitocondrial, normalmente essencial para o metabolismo aeróbico.

Os estudos genéticos revelaram que o parasita não apenas perdeu seu genoma mitocondrial, mas também a maioria dos genes nucleares relacionados à transcrição e replicação das mitocôndrias. Em substituição, ele desenvolveu organelas com características únicas, como dobras na membrana interna, que são incomuns mesmo entre organismos anaeróbicos unicelulares.

Essas adaptações destacam a capacidade notável do H. salminicola de prosperar em um ambiente anaeróbico, desafiando conceitos previamente aceitos sobre os requisitos básicos para a vida multicelular.

Implicações científicas e astrobiológicas

A descoberta pode impactar a busca por formas de vida extraterrestres. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A descoberta pode impactar a busca por formas de vida extraterrestres. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A pesquisa sobre H. salminicola fornece informações fundamentais sobre as transições evolutivas que levaram à adaptação de ambientes anaeróbicos. Entender como esse parasita multicelular desenvolveu seu metabolismo exclusivamente anaeróbico pode esclarecer os mecanismos evolutivos fundamentais que permitem a sobrevivência e a adaptação em condições extremas.

Além disso, embora esse parasita seja inofensivo para os humanos, sua presença nos salmões pode ter implicações significativas para as indústrias pesqueiras. A compreensão de sua biologia única pode ajudar na criação de estratégias mais eficazes para o controle e gestão de infestações em pisciculturas, garantindo assim a qualidade e a segurança dos produtos aquáticos para consumo humano.

Por fim, a descoberta amplia nossa compreensão sobre a diversidade da vida na Terra e levanta questões intrigantes sobre a possibilidade de vida extraterrestre. Em mundos além da Terra, onde as condições atmosféricas podem ser muito diferentes, organismos anaeróbicos podem ter evoluído para ocupar nichos ecológicos que seriam letais para formas de vida aeróbicas. Isso sugere que a busca por vida em outros planetas deve considerar não apenas ambientes habitáveis por padrões terrestres, mas também ambientes anaeróbicos.

Em última análise, a descoberta marca um marco importante na biologia e na astrobiologia, desafiando nossa compreensão do que é necessário para a vida multicelular e ampliando as fronteiras do que consideramos possíveis em termos de evolução e adaptação. A pesquisa contínua sobre esse parasita pode levar a descobertas adicionais sobre sua ecologia e interações com seu hospedeiro, informando práticas de manejo sustentável e conservação de recursos naturais.

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