Artes/cultura
04/07/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 04/07/2024 às 08:00
O aquecimento global afeta o planeta inteiro e pode causar uma série de problemas ambientais. Um deles é interferir na distribuição geográfica de certas espécies, que podem começar a se deslocar para os polos com mais frequência. Os ursos-pardos no Ártico são um exemplo disso.
À medida que o planeta aquece, eles começam a invadir o território dos ursos-polares com mais regularidade. Hoje, como consequência dessa invasão, é possível verificar a existência de híbridos entre as duas espécies. Um fenômeno ainda raro, mas que pode ficar cada vez mais comum, além de poder interferir na existência dos ursos-polares.
O cruzamento entre essas duas espécies de urso acontece com pouca frequência na natureza. Os híbridos são chamados de urso-grolar, uma junção dos nomes em inglês dos animais. Esse cruzamento pode ocorrer entre machos e fêmeas de qualquer uma das duas espécies, porém, na natureza, os únicos casos registrados tiveram origem entre um macho pardo e uma fêmea polar.
O período de acasalamento dos ursos-polares costuma ocorrer no inverno, quando esses animais estão mais ao norte caçando focas. Mas com as mudanças climáticas alterando as temperaturas dos polos, está se tornando mais comum ver machos pardos também saindo para caçar no gelo marinho do Ártico.
Essa mudança na área de caça favorece os ursos-pardos, que são mais agressivos e podem ter mais sucesso em disputas por fêmeas. Além disso, as fêmeas de urso pardo não costumam procurar por comida em locais tão gelados, o que impede que machos de urso-polar possam se acasalar com elas.
Conforme os ursos-pardos conseguem avançar para o Ártico, esperava-se que os híbridos se tornassem mais comuns. Porém, um estudo recente buscou mapear esses animais, e verificou que o cruzamento entre essas espécies ainda é bastante raro.
A equipe envolvida na pesquisa analisou amostras coletadas de ursos entre 1975 e 2015. Ao todo, foram usados os DNAs de 371 ursos-polares e 440 ursos-pardos no Canadá, Alasca e Groenlândia. O estudo revelou a presença de apenas nove híbridos que já eram conhecidos.
Além disso, todos os filhotes vieram de duas fêmeas. Os quatro primeiros nasceram de uma fêmea que acasalou com dois ursos-pardos em várias ocasiões. Um de seus filhotes também acasalou com os mesmos machos pardos, produzindo mais cinco ursos-grolares.
Embora seja um fenômeno raro, os pesquisadores acreditam que novos híbridos possam nascer, caso os pardos consigam invadir os territórios ao norte com mais frequência. Isso preocupa a equipe que conduziu o estudo, pois poderia representar uma diminuição — e até mesmo a extinção — dos ursos-polares a longo prazo.