É possível dar um 'update" no cérebro por meio da neuroengenharia?

26/05/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 26/05/2024 às 08:00

O cérebro é um dos órgãos mais complexos do corpo humano. Mesmo com todos os avanços da ciência, ele ainda é capaz de manter muitas de suas características envoltas em mistério.

Por esse motivo, a neurociência vem se dedicando bastante a desenvolver métodos capazes de identificar e tratar disfunções cerebrais na origem. Essa averiguação é feita por meio da neuroengenharia.

O que é a neuroengenharia?

Neuroengenharia combina princípios da engenharia, neurociência e ciências da computação. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Neuroengenharia combina princípios da engenharia, neurociência e ciências da computação. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

A neuroengenharia é uma área de pesquisa que combina princípios da engenharia, neurociência e ciências da computação para desenvolver soluções para o sistema nervoso. 

Com novas tecnologias cada vez mais avançadas e interfaces cérebro-máquina, como os recentes chips cerebrais em desenvolvimento, a ideia é compreender e modular a atividade neural. Isso é feito criando aplicações, como próteses neurais, dispositivos de estimulação cerebral e terapias para distúrbios neurológicos e outros transtornos.

As principais áreas de atuação da neuroengenharia incluem:

  • Interface cérebro-computador (BCI): desenvolvimento de dispositivos que permitem a comunicação direta entre o cérebro humano e computadores ou outras máquinas. Isso pode ajudar pessoas com deficiências motoras a controlar dispositivos assistivos;
  • Neuromodulação: técnicas que alteram a atividade neural para tratar condições neurológicas e psiquiátricas, como a estimulação cerebral profunda usada no tratamento da doença de Parkinson;
  • Neuropróteses: dispositivos implantáveis que podem substituir funções sensoriais ou motoras perdidas, como implantes cocleares para surdez ou próteses robóticas controladas pelo cérebro;
  • Modelagem e simulação neural: uso de modelos computacionais para simular o comportamento do sistema nervoso, ajudando a entender melhor as funções cerebrais e a desenvolver novas terapias;
  • Imagem e mapeamento cerebral: desenvolvimento de tecnologias de imagem avançadas, como a ressonância magnética funcional (fMRI) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), para mapear a atividade cerebral e estudar doenças neurológicas;
  • Bioeletrônica e biomateriais: criação de dispositivos eletrônicos e materiais biocompatíveis que podem interagir com o tecido neural para monitoramento ou intervenção terapêutica.

Doenças neurodegenerativas, fisioterapia e mobilidade

Neuroengenharia abre novos caminhos para a ciência. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Neuroengenharia abre novos caminhos para a ciência. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Segundo o neuro-ortopedista Dr. Luiz Felipe Carvalho, o desenvolvimento da neuroengenharia permite várias possibilidades de tratamento para condições de saúde.

“Os estudos, pesquisas e tecnologias atuais e os ainda em desenvolvimento nos trazem perspectivas bastante favoráveis e promissoras para o uso dessa ciência. Isso aconteceria em um futuro próximo para tratar condições como doenças neurodegenerativas, que atualmente não têm cura e possuem tratamento limitado”, explica Carvalho.

“Mas os seus efeitos se expandem também para a saúde física, ajudando a melhorar doenças como a obesidade, esclerose múltipla e auxiliar em tratamentos fisioterapêuticos, tornando-os mais eficazes na melhora da mobilidade e controle muscular”, conclui o doutor.

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