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08/04/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 09/04/2024 às 16:03
Entre as aves de rapina que habitam as costas mediterrâneas, uma chama a atenção tanto pela sua beleza e habilidade para voar, quanto por sua técnica de caça bizarra: o falcão-de-eleonora. Herdando seu nome de Eleonora d'Arborea, condessa e depois rainha da Sardenha, o Falconidae se tornou sua ave preferida e inspirou as primeiras leis de proteção de aves.
Em termos de características biológicas, esse falcão é facilmente reconhecível nos céus, pelas suas asas de 32 cm e cauda de 17,5 cm, consideradas grandes em relação ao resto do corpo. Este é diferente entre fêmeas e machos (peso médio: 413,95 g e 340,93 g, respectivamente), definindo o dimorfismo sexual característico das aves de rapina.
Mas o que chama a atenção no falcão-de-eleonora é sua técnica de caça diferente e assustadora. Ao contrário de outros predadores, que matam rapidamente suas presas, ele as mantém vivas, depena suas penas de voo, aprisionando-as depois em fendas de rochas, onde ficam "estocadas" para consumo posterior.
O comportamento foi observado pela primeira vez por uma equipe de biólogos, durante uma expedição de campo à ilha de Mogador, na costa atlântica do Marrocos, em 2014. Segundo os autores do estudo, "manter a presa viva, um ou dois dias, pode permitir ao falcão ter um alimento fresco no momento certo, porque a presa morta trazida para o ninho e intocada não pode mais ser consumida, pois seca muito rapidamente".
O falcão-de-eleonora nidifica em colônias, que vão de dúzias até centenas de pares. Os ninhos se localizam geralmente em pequenas cavidades, debaixo de arbustos e até mesmo em paredes de falésias costeiras inacessíveis. A idade da primeira reprodução é de dois anos para as fêmeas e três para os machos.
A ninhada única varia de um a quatro ovos, e a incubação dura pouco mais de um mês. O desenvolvimento dos filhotes dura cerca de 45 dias.
Outro comportamento que distingue o falcão-de-eleonora das demais aves de rapina é a sua predileção pelo litoral, onde habita normalmente em falésias à beira-mar ou ilhéus isolados. Embora possa ser encontrada eventualmente em campos abertos ou locais úmidos perto da praia, a ave sempre regressa para o seu "poleiro" acima do mar.
De forma inteligente, os falcões-de-eleonora conseguem adaptar a sua dieta à migração de suas presas prediletas: as aves migratórias. Dessa forma, quando o verão termina, que é também o seu período de pós-acasalamento, esses Falconae caçam exclusivamente pequenas aves. Mas, quando chega a primavera, eles se tornam insetívoros, passando a comer gafanhotos, libélulas, borboletas grandes e mariposas.
Segundo o Projeto Falcão-de-eleonora, uma iniciativa de conservação que visa proteger e estudar o Falco eleonorae, a população da espécie no mundo é estimada hoje entre 29,2 mil e 29,6 mil indivíduos. A maioria dessa população está se reproduzindo na Europa.
Na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o falcão-de-eleonora está classificado como "Menos Preocupante". No entanto, suas populações podem ser afetadas, tanto nas áreas de reprodução como no decorrer da migração. Além dos fatores naturais, é preciso considerar as ameaças associadas às atividades humanas.
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