Artes/cultura
18/12/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 18/12/2024 às 18:00
A Idade do Bronze foi um período da pré-história ocorrido entre 3.300 a.C. e 1.200 a.C., e que se caracterizou pelo uso de ligas metálicas, como o bronze, resultado da mistura de cobre com estanho. Também foi uma época compreendida como crucial para a espécie humana, pois foi nela que ocorreram grandes avanços, como a criação da roda e da escrita.
Recentemente, novas descobertas arqueológicas revelaram aspectos menos conhecidos sobre os nossos ancestrais – e que tem a ver com o possível lado mais sombrio deles.
Uma escavação feita em um sítio arqueológico em Charterhouse Warren, Somerset, na Inglaterra, encontrou alguns ossos com características curiosas. A equipe analisou mais de 3 mil ossos achados neste local que datam do início da Idade do Bronze.
O que eles descobriram os surpreendeu. Os restos mortais de pelo menos 37 indivíduos mortos ali haviam sido parcialmente comidos antes de serem jogados em um poço profundo. A análise foi publicada em 15 de dezembro no periódico Antiquity e foi considerada o maior exemplo de violência interpessoal da pré-história britânica.
"Na verdade, encontramos mais evidências de ferimentos em esqueletos que datam do período Neolítico na Grã-Bretanha do que da Idade do Bronze Inicial, então Charterhouse Warren se destaca como algo muito incomum, Ele pinta um quadro consideravelmente mais sombrio do período do que muitos esperariam", afirma o arqueólogo Rick Schulting, da Universidade de Oxford, que é um dos autores do artigo.
Os pesquisadores encontraram evidências de morte violenta por conta de traumatismos no crânio, o que difere da maior parte dos enterros contemporâneos. Agora eles se debruçam para encontrar mais detalhes sobre por que essas pessoas – que ainda tinham várias marcas de corte e fraturas – morreram. A equipe acredita que isso é evidência de que elas foram intencionalmente massacradas e podem ter sido parcialmente devoradas.
Para encontrar mais pistas sobre o tema, os cientistas olharam para o sítio paleolítico próximo da Caverna de Gough em Cheddar Gorge. As evidências descobertas sugerem que o canibalismo provavelmente fazia parte de um rito funerário mantido naquela área.
No entanto, os achados em Charterhouse Warren são um pouco diferente, já que há evidência de mortes violentas sem nenhuma indicação de luta ou conflito, sugerindo que as vítimas foram pegas de surpresa. Os pesquisadores defendem a tese que essas pessoas foram massacradas e abatidas pelos seus inimigos.
Outra tese levantada por eles é que o canibalismo poderia ter sido uma forma de desumanizar a pessoa morta. Os assassinos então estariam comparando seus inimigos a animais ao comerem a sua carne e depois misturarem seus ossos com os dos bichos.
Ainda há mais aspectos a serem revelados. Mas o que se sabe já mostra que os nossos ancestrais provavelmente mantinham comportamentos mais sombrios do que imaginávamos.